O Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre tem suas últimas sessões neste fim de semana, em cinco cinemas da Capital (Cine Grand Café, Cinemateca Capitólio, Farol Santander, Instituto Ling e Sala Eduardo Hirtz) e na plataforma de streaming Darkflix (você pode conferir como assistir e a programação neste link).
Muitos dos destaques da 18ª edição já não podem mais ser vistos (como Neptune Frost e Soul of a Beast), mas ainda há um bocado de filmes que merecem atenção. Até porque sabe-se lá quando serão exibidos novamente no Brasil. São raros os títulos do Fantaspoa que depois têm lançamento comercial no país. Dos mais de cem apresentados em 2020 e 2021, dá para contar nos dedos (Aviva, A Cabeleireira, História do Oculto, Zana) os que estão disponíveis.
Aqui estão as minhas derradeiras dicas para sábado (30) e domingo (1º):
O que Josiah Viu, do estadunidense Vincent Grashaw. A sinopse diz: uma família sulista com segredos enterrados se reúne em uma fazenda pela primeira vez em duas décadas. Nessa ocasião, precisarão pagar por seus pecados passados. Sessão no domingo, às 18h30min, no Cine Grand Café.
Rasgue e Jogue Fora é um filme russo que, por causa da guerra na Ucrânia, sofreu boicote em festival da Escócia. Seu diretor, Kirill Sokolov, conta a história de Olga, que, após quatro anos na prisão, quer pegar de volta a filha, que estava com sua mãe, mas a avó de Masha tem planos diferentes para a menina. Prepare-se para uma mescla de tensão, riso e sangue, com uma violência que remete à dos desenhos animados de Tom & Jerry, Pernalonga e Papa-Léguas. Sessões no sábado, às 16h, na Cinemateca Capitólio, e no domingo, às 19h30min, na Sala Eduardo Hirtz.
Tiong Bahru Social Club é uma espécie de "Wes Anderson de Singapura dirige um episódio de Black Mirror".
Como o cineasta estadunidense de O Grande Hotel Budapeste e A Crônica Francesa, o diretor Bee Thiam Tan capricha na direção de arte, investe no jogo de cores dos cenários e dos figurinos, tem apreço por simetrias e pratica um senso de humor temperado por melancolia. Como na série criada pelo inglês Charlie Brooker, no seu filme as novas tecnologias potencializam anseios, crises, dilemas e vícios da sociedade contemporânea. O protagonista é Ah Bee, que inicia uma odisseia cômica pelo Tiong Bahru Social Club, um projeto baseado em dados e algoritmos para criar, em Singapura, o bairro mais feliz do mundo. Aos poucos, seus encontros com os moradores do local revelam que nem tudo é cor de rosa. Sessão no domingo, às 16h30min, no Cine Grand Café. Também está disponível na etapa online, até 1º/5.
Legions é um terror argentino que faz sua première mundial no Fantaspoa. É sobre um feiticeiro preso em um asilo que tem um presságio: sua filha está para ser sacrificada por uma entidade maligna. O diretor e roteirista Fabián Forte participa de sessão comentada no sábado, às 20h30min, na Cinemateca Capitólio. Haverá outra sessão no domingo, às 16h, na Eduardo Hirtz). No domingo, às 16h, também na Capitólio, é a vez do documentário Um Milhão de Zumbis: A História de "Praga Zumbi", com comentários de Nicanor Loreti e Camilo de Cabo.Eles reconstituem a trajetória de um filme de 1997 rodado com uma câmera VHS e orçamento praticamente zero por um grupo de amigos com 17 anos.
Uma terceira estreia planetária é a do brasileiro The Smoke Master, de Andre Sigwalt e Augusto Soares. Como o título sugere, trata-se de uma mistura de maconha e kung fu, com toques de humor — essa parte fica a dever, mas as cenas de ação impressionam. A sessão única, que encerra o Fantaspoa, será no domingo, às 20h, na Capitólio, com a participação de Sigwalt, Soares e do ator Tony Lee.
Por fim, os organizadores do festival, João Pedro Fleck e Nicolas Tonsho, destacam a primeira exibição nacional de A Praga (1980), o filme durante anos perdido do maior ícone do cinema de terror brasileiro: José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Será também no domingo, às 18h, na Capitólio.