Para marcar o Halloween, a RBS TV exibe no início deste domingo (31), a partir das 2h20min, o filme de terror dono da maior bilheteria do gênero: It: A Coisa (2017), que arrecadou US$ 700 milhões e é o cartaz do Supercine.
Trata-se da primeira parte da adaptação do romance homônimo lançado em 1986 pelo escritor estadunidense Stephen King. As 1.138 páginas foram divididas em dois filmes, ambos dirigidos pelo argentino Andy Muschietti — o segundo, It: Capítulo Dois (2019), se passa 27 anos depois e mostra como os personagens lidaram e lidam com seus traumas.
O cenário é a fictícia cidadezinha de Derry, no Maine, Estados Unidos, e o ano, 1989. Os personagens formam um elenco de arquétipos marginalizados e vítimas de bullying (não à toa, batizam a si próprios de Losers' Club, o Clube dos Otários): Bill, o menino gago; Mike, o órfão negro; Beverly, a Bev, garota abusada pelo pai; Stanley, o judeu; Eddie, o doente (ou assim sua mãe o faz acreditar); Ben, o gordinho; Richie, que esconde sob a fachada do humor agressivo suas inseguranças.
Todos vivem em um mundo praticamente sem adultos. Os raros que aparecem representam ameaças. Ou seja, estão por conta própria. Quando o irmão caçula de Bill, Georgie, é raptado por Pennywise, eles precisam se unir para enfrentar o sinistro palhaço Pennywise (encarnado por Bill Skarsgård) — que toma formas diferentes e emprega discursos distintos de acordo com os medos de cada um.
O elenco pré-adolescente vai muito bem, com destaque para Sophia Lillis, que faz a Bev, Finn Wolfhard (de Stranger Things), o Richie, e Jaeden Martell, o Bill. Mas o show é de Skarsgård com sua presença física e sua voz assustadoramente oscilante: vai do agudo ao grave, do suave ao ameaçador na mesma frase. Pennywise também trabalha como alguns líderes políticos da atualidade (na época do Capítulo Dois, o próprio Andy Muschietti o comparou a Donald Trump, então presidente dos EUA). Faz intrigas e instila o revanchismo. Usa a tática de dividir para conquistar. Individualmente, os Otários ficam vulneráveis ao confrontar seus fantasmas. Estão mais propensos a sentirem medo. Com medo, acreditamos em monstros, em mentiras, em fake news — a promessa de flutuar para longe dos problemas, feita perversamente pelo palhaço, mostra-se mais tentadora.