
Nunca tinha visto um estúdio de cinema dar spoiler sobre o final de um filme recém-lançado. Foi o que a Marvel fez com Thunderbolts* (2025), que estreou na quinta-feira (1º).
ALERTA DE SPOILERS, ainda que autorizados pela própria Marvel.
Nesta segunda-feira (5), o diretor Jake Schreier e o elenco do 36º longa-metragem do Universo Cinematográfico Marvel revelaram ao grande público uma informação que só vem à tona no epílogo de Thunderbolts*.
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra os atores Florence Pugh (que faz o papel de Yelena Belova, a nova Viúva Negra), Sebastian Stan (Bucky Barnes, o Soldado Invernal), David Harbour (Guardião Vermelho), Wyatt Russell (Agente Americano), Olga Kurylenko (Treinadora), Hannah John-Kamen (Fantasma), Lewis Pullman (Bob, um novo personagem no MCU), Julia Louis-Dreyfus (Valentina Allegra de Fontaine, diretora da CIA) e Geraldine Viswanathan (Mel, assistente de Valentina) arrancando o título do cartaz original. Por baixo, aparece o novo nome oficial: The New Avengers — Os Novos Vingadores.

Em outro vídeo compartilhado nas redes sociais do Marvel Studios, Sebastian Stan surge colando um novo pôster na lateral de um ponto de ônibus. Houve mudança também naquelas propagandas gigantescas estampadas em paredes de edifícios — ou seja, escapar do spoiler é um desafio para os transeuntes.
No filme, revelação só acontece no final

Criados nos quadrinhos em 1997, por Kurt Busiek e Mark Bagley, os Thunderbolts são uma espécie de Esquadrão Suicida da Marvel. No filme, nem chegam a ser conhecidos por este nome enquanto vivem suas aventuras — daí o uso do asterisco no título. Ao final da trama, o grupo de anti-heróis, rejeitados e até vilões é apresentado por Valentina Allegra de Fontaine à imprensa como os Novos Vingadores. A cartada marqueteira abafa o pedido de impeachment da diretora da CIA que tramitava no Congresso dos EUA.
Na primeira das duas cenas pós-créditos, o personagem de David Harbour vai até um supermercado e vê os Thunderbolts — já rebatizados como os Novos Vingadores — estampando uma caixa de cereal. Ele fica feliz com o fato e tenta fazer uma mulher comprar e reconhecê-lo no produto que tem seu rosto.
A segunda cena se passa 14 meses depois e une Thunderbolts* — ou Os Novos Vingadores, você escolhe — ao próximo filme da Marvel, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, que estreia em 24 de julho.
Os integrantes da nova equipe estão no prédio que antes foi sede dos Vingadores, agora comprado por Valentina e servindo como base de operações dos Novos Vingadores.
Eles conversam sobre Sam Wilson (Anthony Mackie) estar recrutando sua própria equipe de Vingadores e como ele detém os direitos autorais desse nome — o que rende outras piadas do Guardião Vermelho, como chamar o grupo de Avengerz, para driblar a questão do domínio da marca Avengers. Então, os personagens ouvem falar de algo vindo do espaço: é a nave do Quarteto Fantástico chegando ao universo deles.
Jogada de marketing, tiro pela culatra ou sinal de desespero?
O diretor de Thunderbolts*, Jake Schreier, disse ao jornal The New York Times que a troca do título "sempre esteve nos planos". A reprodução na vida real do que acontece na ficção não deixa de ser um curioso exercício de metalinguagem, além de permitir o emprego de um adjetivo — "ousado" — pouco usual no universo dos super-heróis, onde tudo é muito formulaico e mal existe o risco emocional.
Mas a jogada de marketing pode ser um tiro pela culatra: a massiva revelação prematura sobre o desfecho de Thunderbolts* vai atrair ou desanimar o público?
E o lance midiático também reflete a ansiedade ou até o desespero da Marvel em gerar conteúdo (exposição é fundamental na era da imagem e do instantâneo) e em se manter relevante em um período de claro declínio comercial dos filmes de super-herói — dos últimos 10 títulos do estúdio, apenas dois ultrapassaram a marca do US$ 1 bilhão nas bilheterias; entre os 10 anteriores, foram cinco.
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