Com o feriado de 7 de Setembro (Dia da Independência) na segunda-feira, muita gente ganhou horas preciosas para assistir a séries às quais faltava tempo. Se tempo é problema, aqui vão dicas de oito seriados recentes que podem ser vencidos ao longo do feriadão. Ou porque têm poucos episódios, ou porque suas temporadas são bem curtinhas (a maioria delas está em cartaz na Netflix). Há quatro comédias (duas mais dramáticas), um suspense de tribunal, um drama de época e dois documentários, e vamos da Inglaterra à Argentina, passando por Estados Unidos, Bélgica e Brasil. Escolha o seu e aperte o play.
After Life
O comediante inglês Ricky Gervais é o criador e o personagem principal deste seriado ambientado em uma cidadezinha, onde um jornalista fica viúvo e passa a distribuir comentários sarcásticos e ataques de raiva, a demonstrar franqueza absoluta e aversão ao convívio com as pessoas (inclusive ele próprio). Mas a amargura e o cinismo dividem espaço com a delicadeza e o riso nas duas temporadas de After Life, cada uma com seis episódios de meia hora cada, em cartaz na Netflix (leia mais sobre Gervais clicando aqui).
Fleabag
Outra produção britânica, Fleabag também tem duas temporadas de seis episódios, cada um com menos de meia hora (disponíveis no Amazon Prime Video), e também trafega entre a comédia e o drama. Sua autora e protagonista é Phoebe Waller-Bridge, que faz o papel de uma mulher solteira, dona de uma café não muito frequentado, com problemas de relacionamento com a irmã, o cunhado, o pai e madrasta (a brilhante Olivia Colman) e sempre à procura de sexo para aplacar sua solidão. Essa personagem desconcerta o público ao quebrar a quarta parede: no meio dos diálogos, se vira para a câmera e faz uma careta ou dispara uma tirada irônica. Em outras vezes, no entanto, a máscara cai e nos vemos diante do seu choro e das suas aflições. Ah, vale avisar: na segunda temporada, surge um padre (Andrew Scott) para bagunçar ainda mais a vida dela.
The English Game
Para fechar nosso passeio pela Inglaterra, vamos viajar no tempo, até a virada entre os anos 1870 e 1880. Coescrita por Julian Fellowes, criador do popular seriado Downton Abbey (2010-2015), The English Game foca os primórdios do futebol. Mas não é a bola que está no centro das atenções nesta série da Netflix. Como em Downtown Abbey, os seis episódios contrastam a aristocracia e os trabalhadores. Os dois protagonistas ilustram o antagonismo social. De um lado, temos Arthur Kinnaird (interpretado por Edward Holcroft), filho de um banqueiro de Londres e capitão do Old Etonians, um time da elite que dominava o futebol à época. Do outro, está Fergus Suter (Kevin Guthrie), filho de um bêbado de Glasgow, na Escócia, e cérebro do Darwen, a equipe de uma fábrica de tecelagem para o qual foi contratado, literalmente, por debaixo dos panos – nos primórdios, o profissionalismo era proibido. O esporte tinha de ser amador, o que dava vantagem aos ricos, pois dinheiro é tempo: podiam se dar ao luxo de treinar sem terem trabalhado 10 horas ao dia. Para ler mais, clique aqui.
A Máfia dos Tigres
Disponível na Netflix, esta série documental em sete episódios retrata uma fauna exótica: a dos americanos que colecionam grandes felinos. O personagem central de A Máfia dos Tigres é o dono de um zoológico no Oklahoma, Joe Exotic, um homossexual armamentista que fazia clipes de música country, chegou a se candidatar à presidência dos Estados Unidos e foi acusado de mandar matar sua nêmeses – a igualmente estranha Carole Baskin, herdeira de uma fortuna e administradora de um santuário animal na Flórida. Quer saber mais? Clique aqui para ler meu comentário.
Os Mais Procurados do Mundo
Outra série documental da Netflix, reconstitui, em cinco episódios, a caçada da polícia e da Justiça a um chefão do tráfico mexicano, a um genocida africano, a uma terrorista britânica e a dois mafiosos – um ucraniano que opera sobretudo na Rússia e aquele que é tido como o último capo da Cosa Nostra, na Itália. Os perfis apresentados em Os Mais Procurados do Mundo são variados, mas, para além da periculosidade e da perversidade, quase todos os criminosos compartilham de uma característica: a discrição, o que os torna verdadeiros fantasmas, difíceis de serem vistos e pegos. Escrevi mais sobre eles nesta coluna.
Doze Jurados
Falado em holandês, o seriado belga da Netflix tem 10 episódios e gira em torno de Frie Palmers, mulher acusada de ter assassinado sua melhor amiga, em 2000, e sua própria filha, 16 anos depois. É uma série de tribunal, mas esse não é o único cenário da trama criada por Sanne Nuyens e Bert Van Dael. E Doze Jurados não se concentra apenas na investigação sobre os crimes. Há múltiplos personagens e múltiplos enigmas.
Enquanto depoimentos no julgamento e flashbacks reconstituem as circunstâncias das mortes de Brechtje Vindevogel, a melhor amiga, e Roos, a filha, descobrimos o passado de Frie e o papel desempenhado por seu ex-marido e pelo pai da primeira vítima, um ambientalista rico e famoso, somos apresentados aos dramas particulares de uma meia dúzia de jurados. Entre eles, estão a herdeira de um casal brutalmente assassinado, um fotógrafo que frequenta reuniões de viciados em sexo e um empreiteiro enrascado porque seu irmão e sócio contrata operários ilegais – inclusive um brasileiro. Mas talvez a grande personagem seja uma jurada substituta, Delphine, mãe de três crianças e casada com um marido extremamente ciumento e abusivo.
Ninguém Tá Olhando
Estou entre os que olharam (e que curtiram) o seriado cômico assinado por Daniel Rezende (diretor dos filmes Bingo, o Rei das Manhãs e Turma da Mônica: Laços) e estrelado pela youtuber Kéfera Buchmann, cancelado pela Netflix após apenas uma temporada. Os oito episódios de Ninguém Tá Olhando transformam o mundo dos anjos em uma espécie de repartição publica, cheia de burocracia e tédio. Recém contratado, Ulisses (papel de Victor Lamoglia) vai questionar o sistema enquanto se envolve com a personagem de Kéfera, a humana Miriam, que mistura crenças e erros na vida.
Quase Feliz
Ainda não vi, mas vou confiar na dica de vários amigos que recomendaram assistir a esta comédia argentina sobre a crise da meia idade. Em cartaz na Netflix, com 10 episódios de no máximo 28 minutos, Quase Feliz foi criada pelo radialista Sebastián Wainraich – que interpreta, justamente, um radialista chamado Sebastián, às voltas com as tentativas frustradas de reatar com a ex-esposa (mãe de seus filhos, um casal de gêmeos), uma sucessão de gafes e a torcida por um inexpressivo time de futebol, o Atlanta. Acho que vou aproveitar o fim de semana de folga para tirar esse atraso.