A sequência de abertura de Downton Abbey serve como uma analogia do processo de aclimatação ao filme pelo espectador que não assistiu ao seriado britânico, que teve seis temporadas exibidas entre 2010 e 2015 (a Rosane Tremea, minha colega de Redação, revê pelo menos um pedacinho de episódio por dia e escreveu um comentário sob a perspectiva de fã). Acompanhamos a longa jornada de uma carta enviada pela realeza à enorme casa de campo da família Crawley em Yorkshire, na Inglaterra. Ela passa de mãos em mãos, muitas mãos, pega um trem, um carro e enfim chega ao destinatário. Essa viagem nos transporta para uma época em que as informações e as transformações corriam muito mais devagar do que hoje, estamos de volta a um tempo em que as fronteiras sociais não eram porosas, ainda que próximas: ricos e pobres ocupam a mesma propriedade, mas os primeiros flanam por espaços amplos com figurinos suntuosos, e os outros, com os uniformes da criadagem, apertam-se em uma cozinha e em corredores de cores pálidas. As trocas constantes de portadores da missiva e de nomes nos créditos alertam sobre a quantidade de meandros da nobreza e, sobretudo, de personagens com os quais teremos de nos familiarizar: serão 40, 50, talvez 60!
Estreia
"Downton Abbey", o filme, pode ser visto por quem não assistia à série?
Longa-metragem sobre a fictícia família aristocrática inglesa e seus criados entra em cartaz nesta quinta (24)
Ticiano Osório
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