Sempre me pergunto o que faz de uma pessoa fã de alguém ou de alguma coisa, capaz de inclusive visitar um museu temático. Me encaixei ao fazer um check-list antes de percorrer o Museu do ABBA, em Estocolmo:
1) Criança quando a banda sueca começou a fazer sucesso, aprendi com meus irmãos a gostar das músicas, a dançá-las nas festas e cantar nos karaokês. Também conservo LPs e CDs e tenho algumas entre as favoritas nos streamings de áudio;
2) Assisti ao musical Mamma Mia! na Broadway, em Nova York, em 2010;
3) Vi as duas adaptações para o cinema, de 2008 e 2018 (veja abaixo), mais de uma vez.
Ok, achei que eram motivos suficientes para visitar o museu em uma das 14 ilhas da capital sueca. De início, pensei que valeria só para fãs muito inveterados, apreciadores de músicas como Waterloo — sucesso que lançou para o mundo Björn, Benny, Agnetha e Anni-Frid, ao vencerem o festival de música Eurovision. A composição ganhadora de um dos mais tradicionais festivais da Europa completa 50 anos em 2024 — quase ia esquecendo, aliás, que este era o gancho para o texto, já que a data da vitória é 6 de abril de 1974.
Desde a primeira sala, tomei consciência do meu engano. Não é apenas para aficionados. Eu curti bastante, me encaixando no perfil de fã, mas vi gente de todas as idades ali cantando desbragadamente, dançando e se divertindo com a reconstrução da vida desses astros do pop. Inaugurado em 2013, o museu não é grande e mistura de um jeito interessante atrações analógicas e digitais.
Entre as virtuais, talvez a mais apelativa seja um grande palco com holografias dos quatro integrantes e um quinto microfone, para que o visitante possa interagir e cantar com eles. Há outras, com remixagem de canções, audioguias acessíveis por meio de QR codes, quiz... Nas analógicas, cenários reconstroem locais da infância dos músicos, o ponto onde se encontraram em 1966 (o Folkpark), figurinos extravagantes originais e réplicas, instrumentos, discos e prêmios, cartas, bilhetes, objetos pessoais — uma exposição temporária (inaugurada em 2023, fica até 2025) abriga o making of do último álbum, concerto virtual, entrevistas, filmagens, figurinos.
Na reconstrução do Polar Studios, onde ocorriam as gravações, quase tudo é original: piano, guitarras, microfones — em pequenas cabines, você pode cantar com acompanhamento e gravar as músicas. Em outras salas, dá para ouvir as canções em fones, dançar, reger uma orquestra virtual e até ajudar a personagem principal do musical e do filme, Donna, a pintar o hotel para prepará-lo para o casamento.
O mais legal mesmo é ver como a música une pessoas de todas as partes do mundo e de todas as gerações. Vale muito para quem é fã e, definitivamente, não decepciona quem não é.
Para ir
- O ABBA Museum fica no centro de Estocolmo (Djurdardsvägen, 68). De Gamla Stan (a ilha da Cidade Velha), dá para ir a pé, de trem, de ônibus ou ferry (lembrando que Estocolmo tem um total de 14 ilhas interligadas).
- Os muito fãs têm a possibilidade de hospedar-se no Backstage Hotel, hotel-butique que mistura música, design e arte, no mesmo prédio do museu.
- Veja mais em abbathemuseum.com
Mamma Mia!
O musical escrito por Catherine Johnson e dirigido por Phyllida Lloyd se baseia em canções compostas por Benny Andersson e Björn Ulvaeus, ex-integrantes do ABBA. Conta a história de Donna, uma ex-hippie, e sua filha Sophie, moradoras de um hotel caindo aos pedaços em uma ilha grega paradisíaca. Teve sua primeira apresentação em 1999 e segue sendo exibido no mundo inteiro até hoje.
Mamma Mia! já ganhou duas adaptações para o cinema. A primeira é de 2008, tem Meryl Streep no papel de Donna Sheridan e Amanda Seyfried encarnando sua filha, Sophie. Algumas cenas foram rodadas na ilha grega de Escíato. A segunda, Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo, de 2018, tem boa parte do elenco da produção original. Disponíveis no streaming (Apple TV, Prime Video, Netflix, Star+, Globoplay).