O governador Eduardo Leite detalhou neste sábado (1º) ao setor produtivo como o governo se organiza para lidar com as consequências do desastre climático. Aos empresários e dirigentes de entidades que compareceram ao Palácio Piratini, o governador mostrou o organograma do Plano Rio Grande e explicou ações previstas a curto, médio e longo prazos.
O plano será conduzido por um comitê gestor, liderado pelo secretário da Reconstrução Pedro Capeluppi, e composto por quatro pilares.
Um deles será o conselho formado por diferentes grupos temáticos, que tratarão do impacto da enchente em segmentos econômicos e sociais e poderão enviar sugestões ao governo. Também haverá um comitê de adaptação e resiliência climática, no qual participarão cientistas e membros de universidades dedicados a apresentar iniciativas para o futuro do Estado.
Os outros dois partícipes são o Ministério de Apoio à Reconstrução, do governo federal, e a Federação das Associações de Municípios (Famurs), que congrega as prefeituras.
Além das ações emergenciais de recuperação, adotadas no curto prazo, o governo elencou as etapas de reconstrução (médio prazo) e do futuro (longo prazo). Na primeira, foram incluídas as obras de habitação, infraestrutura e recuperação econômica. Na segunda, a formulação de um plano de desenvolvimento econômico e o fortalecimento da resiliência.
Por fim, o Estado pretende criar estruturas para receber recursos destinados à reconstrução. A promessa é garantir "governança, visibilidade e credibilidade" a entes privados e bancos multilaterais dispostos a contribuir.
De acordo com o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, a reunião teve clima colaborativo. Ao lado dos institutos Ling e Floresta, a entidade lidera a iniciativa Reconstrói RS, que visa aportar recursos diretamente aos municípios. Conforme Sousa Costa, há disposição de conduzir a iniciativa em sintonia com o governo:
— Temos de sentar e conversar para evitar retrabalho e sobreposição de ações. Se a iniciativa privada já estiver fazendo o projeto de uma ponte, não precisa o governo fazer também — exemplifica.
Referência no setor corporativo, o empresário José Galló afirma que a organização do plano agradou aos empresários. Galló sustenta que os órgãos concebidos pelo governo precisam ter estrutura enxuta e resolutiva e, ao mesmo tempo, caráter duradouro:
— É importante o reconhecimento do governador de que a reconstrução vai levar 10 anos. A sociedade, as entidades e a academia precisam participar e entender que esses comitês devem permanecer. Se vamos atravessar 10 anos, temos que garantir que tudo o que for planejado agora tenha continuidade.
No encontro, Leite ainda apresentou o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP), produzido a partir de imagens de satélite, que identificou os endereços atingidos pela catástrofe climática e cujos dados serão utilizados na formulação de políticas públicas.
Aliás
Na versão mais atualizada do MUP, o governo estadual identificou 597 mil pessoas diretamente atingidas pelo desastre climático, das quais 233 mil de baixa renda, em 262 municípios. O número de CNPJs afetados chegou a 116 mil.
População atingida
No mapeamento, o governo estadual já conseguiu identificar os municípios mais afetados pelo desastre climático. Proporcionalmente, a cidade mais afetada foi Eldorado do Sul, em que 80% da população vive em áreas atingidas.
Na sequência, aparecem Muçum (66%), Canoas (44%), São Leopoldo (40%) e São Sebastião do Caí (36%).
Malha viária
Somente nos 78 municípios em estado de calamidade pública 4,5 mil quilômetros de estradas foram afetados pelo desastre climático. São 2,6 mil na área urbana e 1,9 mil em área rural.
Considerando apenas rodovias estaduais (RSs) e federais (BRs), houve 415 quilômetros atingidos pela mancha da inundação.