Os deputados Felipe Camozzato (Novo), Rodrigo Lorenzoni (PL), Capitão Martim (Republicanos), Guilherme Pasin (PP), Adriana Lara (PL) e prof. Cláudio Branchieri (Podemos) entraram com representação na Comissão de Ética contra a deputada Luciana Genro (PSOL) por suas manifestações a respeito dos ataques do Hamas a Israel. Os seis acusam Luciana de quebra de decoro parlamentar.
Na representação, os deputados dizem que, após os ataques do Hamas, Luciana afirmou, nas suas redes sociais, que os israelenses estariam para os nazistas assim como o Hamas estaria para o levante de judeus em Varsóvia.
"Trata-se não só de uma crueldade sem tamanho, mas de uma apologia ao terrorismo. O que pode até ser enquadrado como crime. Um desrespeito absurdo com as vítimas, com as famílias e com os direitos humanos", dizem os parlamentares na representação.
A origem da representação está na primeira manifestação de Luciana, logo após os ataques. Na introdução de um texto em fundo vermelho, com o título "Palestina Livre", a deputada afirmou:
“Como alguém cuja família tem origens judaicas e inclusive foi perseguida pelo nazismo na Alemanha, não posso deixar de me solidarizar com a luta histórica do povo palestino por liberdade. A resistência palestina vive!”. O texto diz: “Gaza é a maior prisão a céu aberto do mundo. Há 17 anos, ninguém pode entrar ou sair devido ao bloqueio imposto por Israel. Um povo que vive há décadas sob um regime militar e colonial de ocupação tem o direito de resistir e se levantar contra a opressão. A resistência palestina vive e é legal perante o direito internacional. Ilegal é o apartheid, o colonialismo e a limpeza étnica promovidos pelo regime israelense, que conta com o governo mais reacionário de sua história. Tratar a resistência palestina como terrorismo seria equivalente a tratar da mesma forma o levante dos judeus contra os nazistas em Varsóvia no ano de 1943”.
Luciana reagiu com uma nota em suas redes sociais com um card com fundo preto em que diz: “URGENTE - Deputados de direita entraram com uma representação caluniosa na Comissão de Ética contra mim. Não vou me calar”.
O card é acompanhado de texto de 23 linhas no qual explicita sua posição.
Confira a íntegra:
“Com indignação recebi a notícia, pela imprensa, de que seis deputados da direita ingressaram com uma representação contra mim na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa. A representação não se sustenta em pé, e inclusive configura crime de calúnia, ao afirmar que eu manifesto qualquer tipo de endosso ao antissemitismo, à xenofobia e ao racismo.
O objetivo dessa representação é intimidar qualquer manifestação de apoio ao povo palestino e fazer demagogia política com as bases da extrema direita, utilizando os métodos já conhecidos da mentira, da manipulação e do oportunismo político. Essa representação absurda da direita não encontra nenhum respaldo jurídico e responde a interesses políticos poderosos com o objetivo de silenciar as vozes que se levantam em apoio à causa palestina.
Representantes de mandatos que votam sempre contra os direitos dos trabalhadores, que destruíram a carreira dos servidores públicos e que travam uma guerra ideológica contra todas as pautas progressistas em defesa dos trabalhadores, das mulheres, da população LGBTI+, da juventude e da negritude agora se voltam contra a deputada mais votada do estado numa tentativa de ganhar projeção política para suas bandeiras reacionárias. Vamos tomar todas as medidas jurídicas, políticas e no âmbito da mobilização social cabíveis para combater essa tentativa absurda de silenciar a nossa voz.”