Antes que comecem a CPI e a auditoria determinada pelo prefeito Sebastião Melo nas escolas de Porto Alegre, algumas conclusões já são possíveis a partir da investigação dos repórteres Adriana Irion e Carlos Rollsing e da entrevista do prefeito à Rádio Gaúcha. Houve falta de planejamento na Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, compras feitas às pressas para atender à determinação legal de aplicar até o final de 2023 o dinheiro que não foi usado na pandemia e sérios problemas de logística.
Melo disse que não vai esperar a conclusão das investigações para agir: na segunda-feira (12), começará a visitar escolas para entender por que os problemas ocorreram e o que pode ser feito em caráter emergencial para resolvê-los.
O prefeito reclama que se dê mais destaque aos problemas encontrados do que aos chromebooks entregues a professores e alunos e às telas interativas que estão funcionando. A reportagem também falou do que deu certo, mas obviamente o papel do jornalismo é mostrar o que está errado, para que possa ser corrigido. Na faculdade aprendemos que milhares de aviões que decolam e pousam sem problemas todos os dias não são notícia, mas um que caia em qualquer ponto do planeta receberá atenção em todos os continentes, com meticulosa investigação sobre as causas, para que o acidente não se repita.
Na entrevista à Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (8), Melo reforçou sua confiança na secretária municipal da Educação, Sônia Rosa. Ele disse que foi ela quem escolheu os livros e materiais que seriam comprados, mas reconheceu problemas na distribuição. O prefeito levantou a suspeita de que, por convicções ideológicas, diretores e professores tenham boicotado o uso dos equipamentos e tentou atenuar a gravidade das constatações dos repórteres.
Mentira em circular da Smed
Na circular que encaminhou na última quarta-feira aos diretores de escola, a secretária Sônia Rosa, disse que lamentava profundamente “a exposição das nossas escolas e toda a tentativa irresponsável de depreciação do trabalho sério da gestão da Smed e dos diretores e diretoras da nossa rede”.
No parágrafo seguinte, usou uma fake news para desqualificar o trabalho da imprensa. Disse que “as imagens divulgadas nos jornais e portais foram captadas por jornalistas que entraram nas escolas sem a nossa autorização e se passaram por assessores de vereadores”.
É mentira. Adriana Irion e Carlos Rollsing se identificaram como repórteres e usaram carros com adesivo dos veículos do Grupo RBS.
ALIÁS
Ninguém de sã consciência haverá de ser contra a compra de chromebrooks e telas digitais, desde que cheguem ao destino. No Brasil, a compra de minicomputadores é essencial. Ainda temos milhares de analfabetos digitais com dificuldade de acesso ao mercado de trabalho.
Reuniões e mais reuniões
Nenhum dos secretários do prefeito Sebastião Melo teve tantas reuniões com ele quanto a da Educação, Sônia Rosa.
A obrigação legal de gastar até o final de 2023 dinheiro que não foi aplicado nos dois anos da pandemia explica apenas em parte as compras com aparente falta de planejamento.
Nesta sexta-feira, das 8h30min às 9h30min, o prefeito se reúne com os vereadores da base aliada.