
Atualização das 20h: o prefeito Sebastião Melo reviu sua posição e vai participar do Gaúcha Atualidade nesta quinta-feira.
Até amigos próximos do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, têm dificuldade para compreender a estratégia dele, político experiente, de terceirizar as explicações sobre o escândalo do material escolar. Motivo de dois pedidos de CPI na Câmara — um da base e outro da oposição — o caso foi detalhado pelos repórteres Adriana Irion e Carlos Rollsing, do GDI, com base em uma apuração meticulosa e fartamente documentada em fotos e vídeos.
Nas reportagens já publicadas faltou um elemento crucial: a palavra do prefeito, homem que em sua vida pública nunca terceirizou a palavra nem fugiu de dar explicações. Desta vez, Melo encarregou a secretária municipal de Educação, Sônia Maria Oliveira da Rosa, de falar. A justificativa da assessoria do prefeito para que ele não falasse nesta quarta-feira (7) no Gaúcha Atualidade foi de que tinha uma reunião com prefeitos da Grande Porto Alegre para tratar de mobilidade. O prefeito estava disposto a falar apenas na próxima semana, mas decidiu participar do Gaúcha Atualidade nesta quinta-feira, apesar do feriado de Corpus Christi.
A secretária Sônia, indicada para falar, já tinha sido ouvida na véspera pela Rádio Gaúcha. Logo, não faria sentido repetir a entrevistada. E há perguntas para as quais é Melo e não a secretária quem tem as respostas.
O prefeito não deveria dar ouvidos a maus conselheiros que não têm a sua vivência política e usam argumentos pífios na ânsia de defendê-lo. Dizer que a culpa é das diretoras de escolas chega a ser cruel. Porque não foram elas que estocaram chromebooks e livros em um galpão repleto de mofo e fezes de pombos. Também não foram elas que compraram livros inadequados para escolas de educação infantil e fundamental, sem discussão pedagógica.
Somente no início da noite desta quarta-feira a prefeitura anunciou a abertura de uma auditoria especial na Secretaria Municipal de Educação "para apurar os procedimentos de destinação dos materiais e equipamentos adquiridos para a rede municipal de ensino". A auditoria será realizada no prazo de 60 dias pela Secretaria Municipal de Transparência e Controladoria.
O vice-prefeito Ricardo Gomes coordenará o comitê gestor que fará o levantamento imediato em cada escola sobre a destinação dos materiais, para adotar as soluções necessárias.