Com votação no plenário da Câmara prevista para terça (23) ou quarta-feira (24), a nova regra fiscal proposta pelo governo Lula divide a bancada gaúcha em Brasília em pelo menos três grupos. Conforme levantamento da coluna, um terço dos deputados vota a favor do projeto, outro terço é contrário e os demais ainda esperam a versão final do texto para decidir como irão se posicionar.
O resultado do levantamento feito pelo repórter Bruno Pancot mostra que a proposta de âncora fiscal conseguiu colocar Fernanda Melchionna (PSOL) e Marcel Van Hattem (Novo) no mesmo grupo, o dos que estão decididos a votar contra. Nesse time jogam também Afonso Hamm (PP), Bibo Nunes (PL), Covatti Filho (PP), Daniel Trzeciak (PSDB), Marcelo Moraes (PL), Mauricio Marcon (Podemos), Pedro Westphalen (PP) e Sanderson (PL).
Entre os que apoiam a proposta estão os deputados de PT, PCdoB, PSB e PDT, legendas que integram a base do governo. Mas também há parlamentares de partidos que se declaram independentes e da oposição, como Republicanos e PL, que cogitam dar suporte ao projeto que cria limites para as despesas federais.
Na semana passada, 19 deputados federais gaúchos votaram a favor da urgência para votação da nova regra fiscal. Outros 10 foram contra o requerimento, e dois não votaram. A aprovação da urgência é uma forma de agilizar a tramitação da proposta, levando a votação do texto final diretamente para o plenário, sem a necessidade de passar pelas comissões. Mas o apoio à urgência não significa, necessariamente, o endosso ao mérito da nova regra fiscal.
Presidente do PL no Rio Grande do Sul, o deputado Giovani Cherini votou a favor da urgência, mas não está 100% decidido se votará favoravelmente em relação ao mérito.
— Depende de algumas modificações no projeto. Quero que o Brasil ande. Não sou do time do PT, quanto pior melhor — resume Cherini, dizendo que é contrário a dar ao governo "uma autorização para gastar, sem controle".
O presidente do Republicanos no Estado e líder da bancada gaúcha em Brasília, Carlos Gomes, afirma que a tendência é votar a favor do projeto do governo, "com as observações" que o partido irá sugerir ao relator. Gomes também votou a favor da urgência na semana passada.
Definição do texto
Favoráveis ao requerimento para encurtar a tramitação do projeto, os deputados Any Ortiz (Cidadania), Márcio Biolchi (MDB), Luiz Carlos Busato (União) e Tenento Coronel Zucco (Republicanos) responderam à coluna que aguardam pela definição do texto final para se posicionar. Alceu Moreira (MDB), que não votou na semana passada, também aguarda pela definição do texto.
Favorável à urgência na semana passada, Covatti Filho (PP) diz que a tendência é votar contra o mérito. Pedro Westphalen (PP), que já havia votado contra o requerimento para apressar a proposta, pretende manter a posição.
— Tem que melhorar mais a versão inicial mandada pelo governo, que aliás já foi melhorada, mas durante a semana até quarta-feira temos que avançar muito. Ainda sou contra — afirma Westphalen.
Defecção à esquerda
Já a deputada Fernanda Melchionna (PSOL), que se declara independente em relação ao governo, mas apoiou a eleição de Lula e costuma votar alinhada ao Planalto, votou contra a urgência do arcabouço fiscal e votará novamente contra o mérito.
— É um novo texto de gastos, que mantém a lógica do ajuste nas áreas sociais e coloca como prioridade do Orçamentos o pagamento aos parasitas do sistema financeiro — avalia a deputada.
Confira a lista levantada pela coluna
PRETENDE VOTAR A FAVOR
- Afonso Motta (PDT)
- Alexandre Lindenmeyer (PT)
- Bohn Gass (PT)
- Carlos Gomes (Republicanos)
- Denise Pessôa (PT)
- Heitor Schuch (PSB)
- Luciano Azevedo (PSD)
- Marcon (PT)
- Maria do Rosário (PT)
- Pompeo de Mattos (PDT)
- Reginete Bispo (PT)
PRETENDE VOTAR CONTRA
- Afonso Hamm (PP)
- Bibo Nunes (PL)
- Covatti Filho (PP)
- Daniel Trzeciak (PSDB)
- Fernanda Melchionna (PSOL)
- Marcel van Hattem (PL)
- Marcelo Moraes (PL)
- Mauricio Marcon (Podemos)
- Pedro Westphalen (PP)
- Sanderson (PL)
AINDA NÃO DEFINIU VOTO
- Alceu Moreira (MDB)
- Giovani Cherini (PL)
- Lucas Redecker (PSDB)
- Luiz Carlos Busato (União)
- Márcio Biolchi (MDB)
- Tenente Coronel Zucco (Republicanos)
- Any Ortiz (Cidadania)
- Franciane Bayer (Republicanos)
NÃO RESPONDEU
- Daiana Santos (PCdoB)
- Osmar Terra (MDB)