O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
O governador Eduardo Leite admitiu nesta quarta-feira (8) que há chance de cobrança de pedágio de motoristas que trafegam pela RS-118. Leite ressaltou que não serão instaladas praças de pedágio na rodovia, mas explicou que o governo reabriu os estudos sobre a concessão de estradas da Região Metropolitana e que uma das alternativas avaliadas é o sistema free flow. Nesse modelo, não há cancelas na via e a tarifa é cobrada pela leitura da placa ou de uma tag eletrônica, com pagamento proporcional à quantidade de quilômetros rodados.
Em entrevista coletiva concedida antes de participar da reunião-almoço Tá na Mesa, promovida pela Federasul, o governador afirmou que os novos estudos definirão o caminho que dará "sustentabilidade econômica" à concessão, a fim de viabilizar os investimentos necessários nas estradas:
— Esses estudos vão apontar alternativas. Patrocínio do governo, possibilidade de cobrança através do free flow, por exemplo. Tudo vai passar por uma grande discussão.
Na sequência, Leite ponderou que o principal argumento contrário à cobrança de pedágio nas rodovias seria a repercussão econômica negativa em cidades com problemas de desenvolvimento, como Viamão e Alvorada, e disse que a cobrança pela distância percorrida pode mitigar esse impacto.
— Eventualmente o free flow pode ser um caminho em que a gente distribui os custos, de forma a não punir localidades, e que faz a cobrança pelo uso da rodovia em trechos curtos proporcionalmente. Mas isso não é decisão tomada. O que estamos fazendo é reabrir os estudos para o bloco 1 (de concessão). A decisão que tem é de não haver praça de pedágio, mas outro modelo, outra forma, outro caminho possível vamos discutir sempre com a comunidade.
A cobrança de pedágio na rodovia estava prevista no modelo de concessão desenhado pelo governo no ano passado, o que provocou forte reação de prefeitos e associações empresariais. Diante disso, o Piratini recuou e decidiu estudar um novo formato da concessão para o bloco da Região Metropolitana.
Durante a campanha eleitoral de 2022, também em evento na Federasul, Leite assinou um documento em que se comprometeu a não pedagiar a rodovia (veja abaixo), assim como seu adversário no segundo turno, Onyx Lorenzoni (PL).
No entendimento do Movimento RS-118 sem pedágio, que reúne representantes de cidades da Região Metropolitana, o governador descumprirá a promessa caso decida implementar a cobrança na rodovia, mesmo que pelo sistema free flow.
—O free flow nada mais é do que um sistema de pedágio que substitui a cancela física por um pórtico que identifica o carro e faz a cobrança. Continua sendo injusto em regiões urbanas e para pequenos trajetos. A RS-118 é completamente urbanizada, com tráfego diário. Seria um descumprimento da promessa — disse à coluna o empresário Darcy Zottis, coordenador do movimento.
A informação de que o governo havia reaberto os estudos e considerava a implementação da cobrança na RS-118 foi adiantada na semana passada pelo colunista de GZH Jocimar Farina.
Veja o documento em que Eduardo Leite e Onyx Lorenzoni se comprometeram a não pedagiar a RS-118: