Membro da ala dissidente do MDB que apoiou Onyx Lorenzoni (PL) e acabou derrotada no domingo (30), o deputado federal reeleito Osmar Terra espera por uma declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) para se pronunciar sobre as vitórias de Eduardo Leite (PSDB) e Lula (PT).
— Ele (Bolsonaro) tem mais dados sobre o que aconteceu no Brasil todo, toda a conjuntura.
A convenção estadual do MDB decidiu apoiar Leite na disputa ao governo do Estado, indicando o vice Gabriel Souza. Naquela oportunidade, um grupo de emedebistas votou e deixou o evento partidário em sinal de protesto pela decisão da maioria de abrir mão da candidatura própria e dar suporte ao tucano.
Com a exceção dos ex-governadores José Ivo Sartori e Pedro Simon, os líderes do MDB que deixaram a convenção são os mesmos que apoiaram Onyx no segundo turno: além de Terra, fazem parte do grupo os deputados estaduais Patrícia Alba e Tiago Simon (não reeleito), o prefeito Sebastião Melo e os vereadores Cézar Schirmer e Idenir Cecchim. A maioria dos deputados estaduais e federais, entretanto, seguiu a orientação partidária e ficou ao lado de Leite.
Terra diz que "só o tempo vai dizer" se haverá ou não uma reconciliação entre os grupos que estiveram de lados opostos na eleição estadual. Como o resultado recém foi proclamado no domingo, ainda não deu tempo de conversar, diz o deputado bolsonarista:
— Vamos conversar entre nós, no nosso grupo que se posicionou (em favor de Onyx).
Se Onyx vencesse a disputa ao Piratini, Terra provavelmente ocuparia um cargo do primeiro escalão. Com a derrota, restará ao deputado cumprir o mandato na Câmara.
Pedro Simon defende reconciliação entre alas do MDB
Passada a eleição, o ex-governador Pedro Simon defende a reconciliação entre as alas divergentes do MDB. Figura histórica do partido, Simon avalia que o grupo vitorioso que esteve ao lado de Leite na eleição deve ter a iniciativa de procurar os derrotados:
— Isso passou, vamos olhar para frente. Os que ganharam têm de ter a grandeza (de buscar o diálogo).
Simon não abriu o voto para governador e presidente no segundo turno. Sobre a disputa ao Piratini, o ex-governador afirma que a campanha de Leite "foi bem melhor que a do adversário, que passou muito tempo fora do Rio Grande do Sul". Simon considera que o candidato do PSDB demonstrou maior competência para tratar dos assuntos do Estado.
Apesar das conhecidas reservas a Lula pelos casos de corrupção que abalaram os governos petistas, Simon acredita que o ex-presidente tem "experiência" e, dependendo das pessoas que escolher para os ministérios, tem "condições de fazer um grande governo". Por outro lado, o ex-governador vê com pessimismo o grande número de partidos com representação na Câmara.
O emedebista diz que Simone Tebet "é um grande nome" para compor o gabinete de Lula, mas evita opinar sobre a participação da senadora no futuro governo. Simon afirma que uma eventual adesão do MDB não pode ser condicionada ao toma lá, dá cá.
— (Lula) tem carimbo, tem experiência. O vice dele (Geraldo Alckmin) teve importância, somou muito. Hoje o Brasil está no chão. O sentimento é de mágoa, tristeza, não foi uma vitória espetacular. Foi dura. Tem que fazer um chamamento geral, fazer um entendimento.
Simon diz que a eleição foi decidida "no detalhe" e destaca dois fatos que podem ter pesado contra Bolsonaro: a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) e a ação da deputada Carla Zambelli (PL), que perseguiu um apoiador do PT com uma arma na região central de São Paulo.