O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, oficializou na tarde desta quinta-feira (20) o seu apoio a Onyx Lorenzoni (PL) no segundo turno da eleição ao governo do Estado. Melo e outros líderes do MDB foram à sede do PL para formalizar a opção do grupo pelo adversário de Eduardo Leite (PSDB), que tem como vice o deputado estadual Gabriel Souza. Parte deles, como os deputados Osmar Terra e Patrícia Alba, o ex-prefeito de Gravataí Marco Alba já haviam anunciado o apoio a Onyx e estão engajados na campanha.
O ato de adesão à candidatura de Onyx contou também com a presença do vereador Cezar Schirmer, do deputado Tiago Simon, que não conseguiu se reeleger, do presidente da Câmara, Idenir Cecchim, e do suplente de vereador Pablo Melo, filho do prefeito. O evento foi prestigiado pelo vice-prefeito Ricardo Gomes e pelo deputado cassado Luis Augusto Lara (ex-PTB), cuja irmã, Adriana, se elegeu deputada pelo PL.
Ao anunciar apoio ao candidato do PL, Melo disse que não pode estar ao lado de Leite "porque ele é apoiado pelo PT". O PT adotou posição de neutralidade, com recomendação expressa a seus filiados para não votarem em Onyx. No primeiro turno, quando o PT disputou a eleição com Edegar Pretto, Melo não se engajou na campanha. Quando questionado, dizia que tinha sido contra a aliança com o PSDB, mas respeitava a decisão da convenção.
O prefeito justificou assim sua mudança de posição:
— Tivemos 10 candidaturas a governador até a eleição passada. A gente queria candidatura própria, lutamos por ela, mas houve interferência nacional e externa, que prometeu apoio ao nosso partido. Fiquei calado no primeiro turno, e eu dizia: eu não concordo com essa coligação feita. Eu vou a aguardar o segundo turno. Votei na Simone Tebet. Ela disse que não tomaria posição sobre a questão nacional e tomou (de poio ao ex-presidente Lula). Não condeno, mas quero dizer que repudio essa posição dela.
O grupo está alinhado com a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição.
— De todas as eleições que tivemos no Brasil desde 1989, talvez a mais importante seja esta — disse o prefeito, referindo-se à aliança formada no Estado contra Lula.
Melo nunca escondeu o desapreço pela aliança com os tucanos para a disputa ao Piratini. Na própria convenção, o prefeito foi um dos líderes que votaram e saíram em protesto à decisão majoritária do MDB de integrar a chapa de Leite, acompanhado dos ex-governadores Pedro Simon e José Ivo Sartori e do deputado Osmar Terra. Daquele grupo, apenas Sartori e Simon não abriram voto para Onyx.
Questionado pela coluna, por mensagem de texto, se tornaria público seu voto até o dia 30, Sartori limitou-se a responder:
— Boa tarde. Bênçãos.
A entrada oficial do prefeito na campanha começou a ser pavimentada nos últimos dias. Na semana passada, em movimento capitaneado pelo grupo de Melo, o diretório do MDB de Porto Alegre aprovou a aliança com Onyx para o segundo turno. Líderes contrários ao posicionamento como o ex-prefeito José Fogaça, o ex-deputado Luiz Fernando Záchia, o ex-ministro Eliseu Padilha e a vereadora Lourdes Sprenger boicotaram a reunião.
Onyx agradeceu ao apoio recebido de Melo e dos emedebistas e disse que o grupo representa "o MDB do bem".
— Sempre estivemos juntos, sempre comungamos dos mesmos princípios. Então para mim é natural recebê-los — afirmou Onyx após relembrar campanhas em que esteve ao lado dos líderes do MDB.
Ofensiva na Região Metropolitana
A expectativa da campanha de Onyx com o apoio de Melo é ampliar a votação na região metropolitana de Porto Alegre, intensificando a mobilização nos municípios próximos à Capital. No primeiro turno, o candidato do PL venceu em Canoas, Gravataí e Alvorada, mas ficou em terceiro em Porto Alegre com 28,66% dos votos válidos.
Assessores do ex-ministro contam com a popularidade do prefeitos nas vilas e nos bairros periféricos da Capital para melhorar o desempenho do candidato bolsonarista nestes locais.
— Melo é o político mais importante do Estado nesse momento, em nível municipal. Existe a pré-disposição em colaborar (nos programas do horário eleitoral), mas isso será avaliado pelo jurídico da campanha — comemora Rodrigo Lorenzoni, filho de Onyx.