A vitória de Eduardo Leite (PSDB) no segundo turno representa a ascensão de aliados que apoiaram o tucano desde o início da campanha ou que embarcaram na chapa durante o segundo turno. O vice Gabriel Souza (MDB), o atual governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) e o deputado estadual reeleito Juvir Costella (MDB) são alguns dos políticos que saem maiores do que entraram na eleição estadual.
Na contramão, líderes dissidentes do MDB como o prefeito Sebastião Melo e o deputado federal Osmar Terra, que eram cotados para o secretariado de Onyx Lorenzoni caso o bolsonarista vencesse, perdem espaço e podem até mesmo mudar de partido. A vereadora de Porto Alegre Nádia Gerhard, que disputou o Senado pelo PP e desistiu em favor de Hamilton Mourão, também seria presença certa no Piratini. Com a derrota, restará a ela cumprir o resto do mandato e disputar a reeleição ou a prefeitura da Capital em 2024.
Saiba quem sobe e quem desce:
SOBEM
— Gabriel Souza: candidato à revelia dos caciques do MDB, o vice-governador eleito passa a ser o principal líder do partido no Estado. Como o PSDB terá uma dívida com o MDB, passa a ser o candidato natural ao Piratini em 2026.
— Ranolfo Vieira Júnior: o governador era vice de Leite e teria sido o candidato se prosperasse o projeto nacional do titular. Quando Leite decidiu concorrer à reeleição, Ranolfo abriu mão da candidatura sem pestanejar. Secretário da Segurança, será o que quiser, segundo Leite.
— Aod Cunha: amigo e conselheiro, o ex-secretário da Fazenda foi uma das figuras mais importantes nos bastidores da campanha. No primeiro governo, não foi secretário porque não quis. Agora, só não será se não quiser.
— Juvir Costella: o ex-secretário de Infraestrutura foi o primeiro deputado do MDB a assumir a defesa da aliança com Eduardo Leite. Deputado mais votado da legenda, poderá ser o líder do governo ou retornar ao secretariado.
— Nadine Anflor: ex-chefe de Polícia, a delegada se elegeu deputada estadual e é um nome em ascensão no PSDB.
— Valdir Bonatto: ex-prefeito de Viamão, deputado mais votado do PSDB, é forte candidato a um cargo no primeiro escalão, o que garantiria uma vaga para o suplente Jesse Sangali, do Cidadania.
— Frederico Antunes: como líder do PP, foi decisivo para a aprovação dos projetos complexos. Seu sonho é ser conselheiro do Tribunal de Contas. A participação no governo depende de o PP entrar ou não na base. Foi um dos dois deputados que anunciaram apoio a Leite no segundo turno.
— Família Covatti: ex-secretários da Agricultura, o deputado federal Covatti Filho e sua mãe, Silvana, deputada estadual, integram o grupo de dissidentes do PP que apoiaram Leite no segundo turno.
— Márcio Biolchi: deputado federal, trabalhou ao lado de Giovani Feltes pela aliança com o PSDB e sempre esteve ao lado de Gabriel Souza. Se for para o secretariado, abre vaga para Feltes na Câmara.
— Paula Mascarenhas: prefeita de Pelotas, foi vice de Leite e sempre esteve ao seu lado. A partir de 2025 deverá ocupar uma secretaria, pela competência demonstrada como prefeita e pela proximidade com o governador, de quem é amiga e confidente.
— Nelson Marchezan Júnior: primeiro suplente do PSDB, o ex-prefeito de Porto Alegre tanto pode ser secretário como assumir a cadeira na Câmara se Lucas Redecker ou Daniel Trzeciak ocupar um cargo no primeiro escalão.
DESCEM
— Sebastião Melo: ao se omitir no primeiro turno e aderir a Onyx Lorenzoni no segundo, o prefeito de Porto Alegre queimou as pontes que poderiam fazer dele o candidato do MDB a governador em 2026. Poderá migrar para outro partido por falta de clima no MDB.
— Osmar Terra: com a derrota de Onyx Lorenzoni, a quem apoiou desde o primeiro turno, o deputado deverá deixar o MDB na janela de 2026 ou antes, em caso de reestruturação partidária.
— Onyx Lorenzoni: sem mandato pelos próximos quatro anos e sem o presidente Jair Bolsonaro para lhe dar guarida, Onyx deve se aposentar aos 68 anos, depois de sete mandatos de deputado federal e estadual. A prefeitura de Porto Alegre, que já foi seu projeto político, sai do horizonte, seja porque seria uma espécie de Segunda Divisão, seja porque na Capital ficou em terceiro lugar no primeiro turno e perdeu de goleada no segundo.
— Tiago Simon: derrotado na eleição de 2 de outubro, o filho do senador Pedro Simon trabalhou contra a aliança com o MDB e escolheu Onyx Lorenzoni no segundo turno. Como é o terceiro suplente, só assumirá uma cadeira na Assembleia se Leite chamar três deputados do MDB para o secretariado, o que é improvável. Deve ocupar um cargo na prefeitura.
— Nádia Gerhard: presença certa no secretariado se Onyx vencesse a eleição, restará à vereadora concluir o mandato e tentar a reeleição em 2024 ou a prefeitura.
— Marco Alba: Segundo suplente do MDB, assumiu ao lado da esposa Patrícia, deputada estadual, a frente de apoio a Onyx, de quem provavelmente seria secretário se o candidato do PL tivesse sido eleito.