O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Inconformado com a perda de espaço para o PSOL, o PCdoB decidiu não indicar qualquer nome à chapa majoritária encabeçada pelo candidato a governador pelo PT, Edegar Pretto. Os comunistas tinham a expectativa de ficar com a primeira suplência do Olívio Dutra (PT) na corrida ao Senado, mas a vaga ficou com o PSOL do vereador Roberto Robaina.
O PCdoB faz parte da federação com PT e PV, e apesar da divergência, assegura o apoio a Pretto na eleição.
— Achamos que há um descompasso (entre o espaço dos partidos), pois o PSOL já havia indicado o vice — reclama o presidente estadual do partido, Juliano Roso.
Inicialmente, o PT ofereceu a vaga ao Senado para Manuela D'Ávila, mas a ex-deputada comunicou a Pretto que não disputaria a eleição. Depois, o PCdoB colocou à disposição Luciane Cuca Congo para vice, e então foi a vez de o PT declinar. A indicação não acrescentaria tempo de TV, pois Luciane já pertencia à federação e não ampliaria o leque de aliados.
Conforme o Roso, o PCdoB foi avisado pelo PT no dia 24 de julho de que teria direito a indicar a primeira suplente de Olívio. O nome escolhido pelo PCdoB era, de novo, Luciane Cuca Congo, suplente de vereador na Câmara de Porto Alegre na última eleição, depois de fazer 3.028 votos.
Naquela altura, tudo indicava que o PT não conseguiria atrair novos aliados e os nomes escolhidos para compor a chapa ficariam restritos à federação com PCdoB e PV. A situação começou a mudar com o anúncio da candidatura de Olívio, no dia 25 de julho. A entrada do ex-governador petista ajudou a destravar a negociação com o PSOL, que decidiu abrir mão da candidatura própria e indicar o vereador Pedro Ruas para vice de Pretto na sexta-feira (29).
Favorável à composição com os socialistas, o PCdoB se incomodou com duas condições colocadas pelo PSOL. Uma delas foi a exigência da primeira suplência de Olívio, pedido aceito pelo PT. A outra foi o veto do PSOL à negociação com o PSB de Beto Albuquerque. Apesar de a aliança entre PT e PSB ter passado longe de se concretizar, o PCdoB defendia uma coligação que incluísse todos os partidos de centro-esquerda, inclusive o PDT.
Publicamente, o partido avalia que Ruas é um "reforço importante", mas discorda da divisão das vagas a cargos majoritários entre as agremiações que compõem a chapa. Roso considera que o assunto está sepultado.
— Optamos por não compor a chapa. O partido quer ser valorizado — diz Roso.
No último domingo (31), o PCdoB tentou reverter a situação antes da convenção do PT. No entanto, o partido foi derrotado por 2 a 1 em votação envolvendo as três legendas da federação (PT - PV - PCdoB).
A decisão do PCdoB abre caminho para a indicação, pelo PV, do ambientalista e ex-vereador Marcelo Sgarbossa como segundo suplente, mas antes será preciso aparar as arestas de sua saída do PT.
— A preferência do mestre Olívio é por uma mulher negra — disse Pretto à coluna.