Primeira pesquisa realizada após a definição de todos os candidatos, o levantamento do Ipec surpreende pelo tamanho da vantagem do ex-governador Eduardo Leite (PSDB) sobre os demais adversários. Com 32% das intenções de voto, Leite leva 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Onyx Lorenzoni (PL). É uma diferença considerável para quem soma ao desgaste natural de ter sido governador o fato de ter descumprido a promessa de não concorrer e de ter renunciado na esperança de tentar um voo mais alto, como candidato a presidente.
Dado o histórico do Rio Grande do Sul de não reeleger governadores e de alteração das posições nas pesquisas com o início do horário eleitoral, Leite precisa evitar o espírito do “já ganhou”. O salto alto é o maior adversário dos candidatos que largam com vantagem, embora o ex-governador tenha a seu favor nesta campanha de apenas 45 dias a maior aliança e, portanto, o maior tempo na propaganda de rádio e TV.
Antes mesmo da pesquisa, Leite já aparecia como alvo de todos os adversários. A liderança tem como preço a ampliação das cobranças nos debates e, como se viu em 2018, dos ataques nas redes sociais (ou antissociais).
O que explica a liderança do governador antes do início da campanha? Primeiro, a avaliação do governo, que não sofreu solução de continuidade na transferência para Ranolfo Vieira Júnior. O fato de ter colocado as contas em dia e de estar fazendo investimentos em todos os municípios ampliou a visibilidade do ex-governador, que seguiu andando pelo Estado depois da renúncia. Há que se considerar também o apoio do MDB que, mesmo rachado, faz diferença. Se Gabriel Souza fosse candidato a governador, subtrairia pontos de Leite.
O segundo lugar de Onyx Lorenzoni, com 19%, pode ser explicado pela proximidade com o presidente Jair Bolsonaro, de quem foi ministro, mas o presidente tem o dobro no Rio Grande do Sul. Além de Onyx, o senador Luis Carlos Heinze (PP), com 6%, e o empresário Roberto Argenta (PSC) com 2%, têm Bolsonaro como seu candidato a presidente.
Ex-presidente da Assembleia, Edegar Pretto (PT) aparece em terceiro lugar (7%), tecnicamente empatado com Heinze, mas aposta na ligação com o ex-presidente Lula para crescer. Vieira da Cunha (PDT) tem 3%, menos da metade do índice de Ciro Gomes, seu candidato a presidente. Rejane de Oliveira (PSTU) tem 2%, enquanto Paulo Roberto (PCO), Ricardo Jobim (Novo) e Vicente Bogo (PSB) não passam de 1%.
ALIÁS
Nunca é demais repetir que pesquisa é o retrato de um momento. Esta é a primeira depois da definição dos candidatos e está sendo divulgada na véspera do início da campanha.