Com tantos assuntos cruciais para o futuro do país em discussão, deputados experientes e com longa folha de bons serviços prestados ao Rio Grande do Sul caíram no que se pode chamar de “conto do rodeio”. Deram holofotes para o colega Rodrigo Maroni (PSDB), que apresentou um projeto fadado a ir para o arquivo, proibindo a realização de rodeios. O que seria uma nota de rodapé (e assim foi tratado pela coluna), porque não há hipótese de que venha a ser aprovado, ganhou massa e volume pelas ações e palavras dos próprios deputados.
Tradição secular no Rio Grande do Sul, os rodeios reúnem milhares de pessoas não apenas para ver campeonatos de tiro de laço e outras atrações que envolvem cavalos e bois, mas para confraternizar, comer churrasco, ouvir música e encontrar pessoas com os mesmos gostos. Não deixa de ser uma espécie de “tinder” para jovens do campo. Tem quem adore, tem quem tolere e tem quem não suporte esse tipo de festa.
Propor uma lei para acabar com os rodeios é oportunismo eleitoral de um deputado folclórico, mas com noções de marketing. Embora sua atuação espalhafatosa seja contestada pelos verdadeiros protetores dos animais, usou a causa para justificar um projeto polêmico. Colegas de boa fé embarcaram na onda e deram a visibilidade que o autor da proposta buscava, comparecendo pilchados à Assembleia Legislativa e entrando num debate que nada contribui para a solução dos verdadeiros problemas do Rio Grande do Sul.
Convidado a se pilchar para demonstrar repúdio ao projeto, o novato Beto Fantinel (MDB) recusou e fez uma alerta aos colegas:
— Eu me recuso a dar escada para um deputado que inventou esse projeto porque intuiu que não conseguiria se reeleger.
Querem discutir uma coisa relevante, senhores deputados e senhoras deputadas? Discutam a profundidade da crise da educação, que vem do século passado e se agrava ano após ano. Discutam os problemas de saúde, de segurança, de infraestrutura. Discutam à exaustão e sem viés ideológico o projeto que autoriza o Estado a investir recursos na duplicação de rodovias federais. Discutam se é razoável deixar o dinheiro parado à espera de projetos, quando se poderia acabar com o gargalo da BR-116 entre São Leopoldo e Novo Hamburgo, avançar na duplicação do trecho ou duplicar um pedaço da BR-290.
Educação no radar
Na contramão dos colegas que caíram no conto do rodeio, o deputado Beto Fantinel (MDB) embarcou no tema que mais deveria preocupar o Rio Grande do Sul hoje: a educação.
Fantinel vai convidar a secretária de Educação, Raquel Teixeira, para para apresentar, na Comissão de Educação, os resultados da avaliação e os planos para recuperar o que os alunos perderam antes e durante a pandemia:
— Conversamos permanentemente com pais, diretores e comunidades escolares de todo o Estado. O agravamento defasagem no aprendizado em virtude da pandemia é uma realidade e exige ações imediatas. O convite à secretária não será apenas para tomar conhecimento dos dados, mas para articular projetos conjuntos.
Botox no santinho
Quem avisa, amigo é: senhores candidatos e candidatas, não abusem dos procedimentos estéticos para melhorar a aparência, porque existe o risco de não serem reconhecidos pelos eleitores no santinho. Envelhecer não é pecado.
Nos programetes dos partidos no horário nobre da TV já foi possível perceber o uso parcimonioso do botox para atenuar as rugas de expressão e alguns excessos que provocaram a legítima desarmonização facial.