Na entrevista de 36 minutos que deu na noite desta terça-feira (23), o governador Eduardo Leite reconheceu que ficou abatido com as confusões na votação para as prévias do PSDB, mas disse que nunca pensou em desistir da disputa. Respondendo a uma pergunta da coluna, afirmou:
— Eu sou um ser humano como qualquer outro diante das adversidades. Mas depois a gente vê a poeira baixando. Nunca pensei em desistir, porque estou muito confiante na nossa vitória. Minha candidatura já não é mais minha. É de milhares de pessoas que acreditam num PSDB plural e não singular.
O tom otimista e mais sereno contrastou com a irritação da véspera, quando desmentiu que o anúncio de conclusão do processo eleitoral até o próximo domingo (28) tenha sido fruto de um acordo entre os três candidatos. Desde domingo, Leite insistia na conclusão da votação até amanhã (25), mas hoje foi obrigado a reconhecer que não havia condições técnicas de retomar a votação.
Leite estranhou — como qualquer leigo em tecnologia estranharia — o fato de, passados dois dias, não haver um diagnóstico sobre o que aconteceu. Lembrou que a contratada para desenvolver o aplicativo, a Faurgs, é gaúcha, mas a empresa escolhida para auditar o sistema tem sede em São Paulo e não conseguiu esclarecer o que aconteceu.
— Faço as mesmas perguntas que a imprensa faz ao partido. Até agora não sabemos o que aconteceu, se houve algum ataque hacker ou se foi sobrecarga no sistema — afirmou.
Em vários momentos, Leite ironizou a parceria entre João Doria e Arthur Virgílio, que desde domingo passaram a atuar em dupla. Disse que o episódio deixou claro que existe a candidatura "dois em um" e chamou "chapa" de Arthur Doria e João Virgílio.
A uma pergunta sobre o comentário de Virgílio de que é muito jovem para ser candidato a presidente, Leite se exaltou. Disse que não aceita preconceito contra os jovens e que se sente preparado para enfrentar a campanha eleitoral e para governar. Lembrou que Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia, considerada uma das líderes com melhor avaliação no mundo iniciou seu mandato com 37 anos, Emmanuel Macron (França) com 39 anos e Justin Trudeau (Canadá) com 40.
— Não vou aceitar que me coloquem como incapaz por causa da minha idade. Arthur Virgílio ataca uma geração de jovens do Brasil ao me atacar. Eu me sinto capaz com muita vontade e energia para transformar o Brasil.