A participação patética do senador Luis Carlos Heinze (PP) na CPI da Covid já tinha sido suficiente para transformá-lo em chacota nacional, mas na undécima hora ele conseguiu ser incluído no relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL). O relator pediu seu indiciamento por disseminação de notícias falsas. Heinze atravessou a rua para escorregar numa casca de banana, com sua insistência em produzir um relatório paralelo defendendo o indefensável: remédios que, segundo pesquisas globais, não funcionam para a covid-19.
Mais tarde, Calheiros recuou e retirou o nome do gaúcho da lista de indiciados, depois da intervenção do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O pedido de retirada do nome de Heinze partiu do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que antes havia solicitado a inclusão do senador do PP entre os indiciados.
— Não se gasta vela boa com defunto ruim. Essa CPI fez um trabalho, prestou um serviço ao Brasil, muitíssimo relevante. Eu não posso a essa altura colocar em risco nenhum pedaço desse serviço por conta de mais um parlamentar irresponsável — justificou Vieira.
Suplente da CPI, Heinze ia para as sessões com a anotações que repetia exaustivamente, defendendo teorias já superadas, médicos que até já tinham voltado atrás nas suas pregações, como o francês Didier Raoult, e todas as condutas do presidente Jair Bolsonaro, a quem apoia incondicionalmente.
Divulgou notícias falsas, ganhou o apelido de Rancho Queimado, por citar sempre o município catarinense que teria vencido a covid-19 usando cloroquina e outras drogas do kit bolsonarista. Teve seus momentos de fama nas redes sociais, mas deixou de cabelo em pé companheiros de partido que esperam vê-lo no Palácio Piratini em 2022.
Se é verdade que cresceu entre os bolsonaristas, seu espaço se estreitou entre eleitores que não têm a mesma fé cega no presidente negacionista. Enquanto se jogava na fogueira da CPI para defender Bolsonaro, seu principal adversário na direita na corrida pelo Piratini, o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, ficava preservado.
Onyx também entrou no relatório, acusado de incitação ao crime e genocídio de indígenas, mas dele não há vídeos como os que Heinze deixou para a posteridade. O senador chegou a dizer que ele e a família se contaminaram e se curaram com o kit covid, mas a verdade é que precisou se internar em São Paulo, com a esposa, quando começaram a ter falta de ar.
O outro gaúcho indiciado, o deputado Osmar Terra (MDB), se notabilizou pelas previsões furadas sobre a duração da pandemia, os discursos contra as medidas restritivas à circulação de pessoas e o negacionismo que lhe valeu o apelido de Terra Plana. No relatório da CPI, foi enquadrado no Código Penal por epidemia culposa com resultado morte incitação ao crime.
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