Integrantes da tropa de choque do Palácio do Planalto apresentaram relatórios paralelos na CPI da Covid para isentar o presidente Jair Bolsonaro de responsabilidades na pandemia de covid-19. Os votos em separado foram lidos nesta terça-feira (26), antes da votação do parecer do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Três senadores governistas apresentaram relatórios paralelos, em uma estratégia para defender o governo e usar o tempo de 15 minutos para leitura do parecer na última reunião do colegiado. O parecer de Calheiros deve ser aprovado por sete votos a quatro, derrotando os votos em separado.
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) acusou a CPI de não realizar uma "investigação verdadeira". Segundo ele, o colegiado "vendeu informações que passam a impressão que o governo federal é o único responsável pela condução de serviços de saúde", ressaltando que o sistema de saúde brasileiro é descentralizado.
Eduardo Girão (Podemos-CE), que se declara independente mas teve uma postura alinhada ao governo na CPI, criticou a decisão da cúpula da comissão de focar suas investigações no governo federal.
Girão afirmou que pedirá à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma investigação sobre a possibilidade de ocorrência de crime de prevaricação por parte do comando da comissão por não deliberar sobre requerimentos "engavetados", que tinham como foco a investigação de Estados e municípios. O parlamentar também pediu o indiciamento do secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas.
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), também autor de um voto em separado, engrossou o coro de críticas à CPI. Insistente em temas como tratamento precoce, Heinze justificou que foi "muitas vezes ironizado", mas manteve a "coerência e o posicionamento em buscar a verdade". Para ele, os trabalhos da CPI serviram apenas para "menoscabar" o conceito que a população tem do Senado.