O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) foi incluído na lista de indiciados pela CPI da Covid durante a sessão desta terça-feira (26), que fará a votação do relatório final. O documento, elaborado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), recomenda a responsabilização de 79 pessoas e duas empresas — 13 nomes foram incluídos de última hora.
O nome de Heinze foi sugerido pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) após o parlamentar gaúcho fazer a leitura do voto em separado — alguns senadores apresentaram relatórios próprios como contraponto a Calheiros.
No documento, protocolado com 128 páginas (leia abaixo na íntegra), Heinze defendeu a autonomia médica e o uso de medicamentos para covid-19 que não foram cientificamente comprovados como eficazes para a doença, como a cloroquina. Afirmou que seu relatório inclui centenas de estudos sobre o uso de substâncias feitos por "cientistas, não charlatões", segundo citou o senador.
— São pesquisas que o Ministério Público e a Procuradoria-Geral da República vão se debruçar. Não são factóides, não são narrativas — apontou Heinze.
O senador também chamou os integrantes da CPI da Covid de “ajudantes de ordem” de Renan Calheiros e alegou que houve “muita incoerência, pressão e interrupção” nos trabalhos da comissão.
— Ninguém é contra vacina. Não se pode confundir prevenção com tratamento. A vacina e os fármacos são complementares. Diversos senadores, inclusive, confessaram ter usado a cloroquina — disse.
Alessandro Vieira pediu, então, que Heinze fosse incluído na lista de indiciados da CPI da Covid por disseminação de notícias falsas.
— Esta CPI teve a coragem de pedir o indiciamento do presidente da República e do líder do governo. Não pode fechar os olhos com relação ao comportamento do seu colega parlamentar — afirmou Vieira.
Heinze, então, foi colocado entre os pedidos de indiciamento da CPI da Covid, apontado por incitação ao crime, e seu nome foi lido por Renan Calheiros durante a manifestação do relator na sessão desta terça. O parlamentar gaúcho é o 81° na lista de responsabilizados proposta pela comissão.
Parlamentares aliados ao governo, como o senador Marcos Rogério (DEM-RO), tentaram reverter o pedido de indiciamento de Heinze, solicitando que o requerimento de Vieira fosse votado pelos senadores da comissão. Porém, o pedido foi negado pelo presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), que alegou que o relator é quem decide os nomes que estarão entre os pedidos de indiciamento.
O presidente de Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), comentou a decisão de incluir Heinze como indiciado no relatório final:
— Nunca interferi e não interferirei nos trabalhos da CPI. Mas, pelo que percebo, considero o indiciamento do senador Heinze um excesso. Mas a decisão é da CPI.