Era domingo e meu filho Eduardo, que agora mora em São Paulo, me avisou que iríamos ver a exposição Space Adventure, que está em cartaz no Shopping Eldorado. Foi uma breve viagem à lua, nas asas da tecnologia. Voltei ao ano de 1969, quando meu pai acompanhou passo a passo a missão Apolo 11 e reuniu a família para “assistir” à chegada do homem à Lua. Ele sabia que aquilo era um feito histórico e reuniu até os pequenos, que nada entendiam, porque sabia que se tratava de algo extraordinário.
Eu tinha nove anos, mas lembro daquela narração como se fosse hoje, ainda que não conseguisse compreender algumas palavras nem entender como era possível três homens viajarem numa cápsula — um deles, o inesquecível Neil Armstrong — entrar para a história, fincarem a bandeira dos Estados Unidos em solo lunar, voltarem à Terra, caírem no mar e serem resgatados por homens-rãs.
Aquele mistério me fascina desde então, mais ainda por saber agora que bilionários podem ir ao espaço como quem decide passar um fim de semana em Paris. Fascina por saber quão primitivos eram os computadores da Nasa, naquele ano em que se deu o grande passo para a Humanidade. Bendito rádio, cujo dia celebramos neste início de primavera, que me fez ser testemunha de um feito histórico. Meses depois, ganhamos as revistas velhas do dr. Rui Piegas da Silveira e eu pude ler, incontáveis vezes, na Manchete, a reportagem fartamente ilustrada pelas fotos tiradas com câmeras que acabo de conhecer pessoalmente.
A exposição Space Adventure conta em detalhes a epopeia das missões Mercury, Gemini e Apolo, responsáveis pela ida do homem à Lua. É a primeira vez que se exibe, fora dos Estados Unidos, uma da maiores coleções de artefatos originais da Nasa, reunidos pelo museu e Centro de Educação Espacial Cosmosphere de Hutchinson, Kansas.
A 11 e a 13 são as que mais mexem com a nossa imaginação, mas tudo está lá, em peças originais ou réplicas perfeitas, como a da cápsula em que Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin foram à lua e do módulo lunar, que lá está até hoje. Trajes espaciais, pedras, as câmeras usadas para filmar o solo lunar, a comida desidratada e até os saquinhos usados para as necessidades fisiológicas no espaço. Há uma réplica do foguete que impulsionou a Apolo 11 e explicações detalhadas de como cada parte se separa e permite a viagem espacial. Réplicas das mesas de controle da Nasa, aquelas que cansamos de ver em filmes, e até um momento mágico em que o público acompanha o lançamento de um foguete como se estivesse no Cabo Canaveral, olhando para o teto e vendo aquela fogueira que fica para trás.
A exposição fica em São Paulo até 26 de outubro. Em outro espaço, no Santander Cultural, está aberta uma mostra sobre o futuro das missões espaciais. Não deu para ver porque faltou tempo, mas tentarei voltar para assistir. Ainda hoje há quem não acredite que o homem foi à Lua e até quem ache que a Terra é plana, mas eu que sempre acreditei só posso agradecer ao meu filho, ao Santander e à Claro que patrocinaram uma das experiências mais incríveis que já vivi.