Acordei cedo para ver o salto de ouro da Rebeca Andrade, essa menina encantadora que nos deu a maior alegria nos Jogos de Tóquio, mas hoje quero falar de outros meninos e meninas vencedores na Olimpíada da vida. Nos últimos dias, montei um álbum sentimental com fotos enviadas por pais e mães zelosos do momento da vacinação de seus filhos.
Pode parecer banal porque nossas redes sociais estão inundadas de fotos de pessoas se vacinando, mas não é. Eles são adolescentes com doenças crônicas, as tais comorbidades em linguagem de tecnocrata. Ficaram de fora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) no primeiro momento, quando só os que tinham mais de 18 anos tiveram direito a duas doses de esperança.
Foi pela Gabriela Mazza, mãe da Sofia, que tomei conhecimento de um movimento de pais e mães pelo direito de vacinar seus filhos de 16 a 18 anos. Naquele momento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tinha autorizado a aplicação da vacina da Pfizer em adolescentes a partir de 16. Resolvi comprar a briga dessas famílias em meus espaços e acabei conhecendo, virtualmente, outros jovens com diferentes problemas de saúde.
Na férias, recebi a boa notícia de que o Congresso aprovara projeto incluindo os adolescentes com comorbidades no PNI. Antes que fosse sancionado, os Estados — Rio Grande do Sul entre eles — começaram a autorizar a aplicação, sempre dependendo da disponibilidade de doses da Pfizer. Com uma novidade: a partir dos 12 anos, com aval da Anvisa.
São Leopoldo foi a primeira cidade do Estado a vacinar adolescentes. A vez da Sofia, que mora em Pelotas, chegou na sexta-feira (30). É ela que aparece na foto acima, envolvida no abraço da Gabriela, uma mãe que chamo de leoa, porque acompanho a luta dela e do Nauro pela vida da sua menina desde que nasceu. Detalhes dessa luta a Gabriela contou em um artigo com o título A escolha de Sofia, publicado em Zero Hora, cuja leitura recomendo.
Meu álbum de afetos tem a Luísa, que também conheço desde o berço. Filha de amigos queridos, está com 12 anos e desde março de 2020 só tem aulas remotas, porque sofre de asma severa. Todos os outros só conheço das fotos e das mensagens trocadas com pais e mães, muitos pelo WhatsApp da Rádio Gaúcha: Tiago, Pedro, Lucas, Gabriel, Enzo, Eduardo, Gabriela, Fernanda, Luiza, Alexandre... Para essas famílias, são fadinhas, Ítalos, Rebecas, Mayras e outros vitoriosos.
Por esses e por tantos outros vacinados, posso dizer que valeu a pena. Com a vacinação contra covid-19 avançando, o mês de agosto começa com a esperança de que teremos uma primavera melhor. Nas minhas redes sociais, já faz bom tempo que as fotos de vacinados superam os lamentos de luto.
Aguardo ansiosa pelo dia em que a minha Luiza, 26 anos, será vacinada porque chegou a vez dos saudáveis nascidos em 1995. Se tudo ocorrer como espero, será meu presente de aniversário, no dia 5 de agosto.