Era tão óbvio que uma decisão judicial de primeira instância não poderia ser aplicada a uma CPI do Senado que fica difícil entender o que moveu a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) a mover ação para impedir o senador Renan Calheiros (MDB-AL) de ser o relator da comissão que investigará as ações do governo na pandemia. A liminar que impedia Renan de ocupar o cargo não durou 24 horas e foi derrubada pelo Tribunal Regional Federal (TRF1) da 1ª Região. Antes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), já havia esclarecido que a decisão era descabida. Resultado: Renan será o relator, cargo tão ou mais importante do que o de presidente.
Além de não conseguir impedir a indicação de um inimigo, a tresloucada líder da tropa de choque do governo fez cair na conta do Palácio do Planalto uma derrota previsível e desnecessária. Se a ideia era tumultuar a CPI, o tiro saiu pela culatra, para usar uma metáfora cara ao bolsonarismo. O mesmo governo que, a pretexto de preparar a defesa, entregou aos integrantes da CPI um roteiro pronto dos temas que preocupam o Planalto encontrou em Zambelli uma incendiária.
O discurso de Renan, de que fará um trabalho técnico, é conversa para boi dormir. Por sua natureza, CPIs são políticas. E Renan é um animal político com incrível capacidade de regeneração. Já foi ministro da Justiça e presidente do Senado. Desceu ao fundo do poço e emergiu. Conhece todas as virtudes e as fragilidades de cada colega do Senado. Não é um inimigo que convenha cevar.
Em suas primeiras manifestações, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AL), já deixou claro que não tem vocação para pizzaiolo. Ao assumir oficialmente os trabalhos, prometeu conduzir os trabalhos de forma técnica, “sem buscar nada além da verdade, seja contra quem for”:
— Não podemos proteger ninguém em nome de quase 400 mil óbitos — declarou.
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