Os hospitais que estão com dificuldades financeiras para continuar atendendo as vítimas do coronavírus ganharão um reforço de pelo menos R$ 70 milhões nos próximos dias, graças à solidariedade dos chefes de poderes e órgãos com autonomia financeira e administrativa. Esse dinheiro sairá do orçamento da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Tribunal de Contas do Estado.
A ajuda foi anunciada ao governador Eduardo Leite na reunião do Conselho de Estado, como resultado de um acordo entre o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Voltaire de Lima Moraes, o procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, o Defensor Público-Geral, Antônio Flávio de Oliveira, e o presidente do Tribunal de Contas, Estilac Xavier.
Aos R$ 70 milhões deverá ser acrescido um reforço do Executivo, em valor ainda não definido.
A iniciativa começou a ganhar corpo a partir dos relatos feitos na reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, na quarta-feira (17), detalhados na coluna com o título “Risco de falta de medicamentos e de oxigênio alarma dirigentes de hospitais do Rio Grande do Sul”. Na reunião, gestores de hospitais filantrópicos expuseram o risco de falta de medicamentos e respiradores e de não poderem continuar atendendo pelo iminente colapso no sistema hospitalar.
No dia seguinte, no programa Gaúcha Atualidade, o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Rio Grande do Sul, Luciney Bohrer, detalhou as dificuldades enfrentadas em todo o Estado. O apresentador Daniel Scola fez, então, um apelo aos poderes para que contribuíssem com parte do seu orçamento.
Nesta sexta-feira (19), Gabriel Souza, Voltaire de Lima Moraes e Fabiano Dallazen foram entrevistados no Atualidade e reafirmaram a disposição de colaborar, conscientes de que o Rio Grande do Sul está em “estado de guerra” contra o vírus.
A forma como se dará o repasse dos valores referidos será construída em reuniões entre as respectivas assessorias técnico-jurídicas. A verba será exclusiva para o custeio de leitos, medicamentos e insumos para os hospitais, cuja aplicação será fiscalizada por todos os signatários do acordo.
“Embora os orçamentos não sejam superavitários e que esteja em execução o contingenciamento ajustado em 2020, também para o enfrentamento da pandemia, o momento exige, novamente, esforço adicional. É desejo de todos que este gesto ajude a minorar o sofrimento da nossa população e auxiliar a superação desta que é a mais difícil crise já enfrentada na nossa história recente”, escreveram, em nota, os representantes dos poderes.