O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
O convite para que o deputado Edson Brum ocupe a secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, formalizado na terça-feira (10) pelo governador Eduardo Leite, e a consequente ampliação do espaço do MDB no governo tucano, consolida a aproximação entre o PSDB e o MDB no Rio Grande do Sul. Dois anos e meio depois de duelarem no segundo turno da eleição estadual em 2018, os partidos parecem ter esquecido as diferenças e emitem sinais de que estão dispostos a construir uma aliança para 2022.
Embora os dirigentes partidários ainda não tratem publicamente do processo eleitoral, por receio de queimar pontes, em conversas reservadas tanto tucanos quanto emedebistas reconhecem que as siglas se aproximaram nos últimos meses, especialmente depois da eleição municipal. Como a candidatura do senador Luis Carlos Heinze (PP), aliado do presidente Jair Bolsonaro, é dada como certa, os dois partidos já começaram a discutir os caminhos para estarem juntos ainda no primeiro turno, com uma proposta capaz de capturar o eleitorado de centro e centro-direita, e defender as reformas promovidas pelos governos Leite e Sartori.
Além de o tempo ter aplacado as mágoas que resistiam da eleição anterior, gestos e encontros recentes colaboraram para a aproximação. Um desses episódios foi a declaração do apoio do PSDB a Sebastião Melo no segundo turno da eleição de Porto Alegre. Depois da derrota de Nelson Marchezan no primeiro turno, os tucanos anunciaram que permaneceriam neutros na disputa, mas voltaram atrás dias depois, em uma costura que contou com a participação ativa de Leite.
A aproximação ganhou corpo em um domingo de dezembro, quando Leite participou de um almoço com o presidente do MDB, Alceu Moreira, e outros dirigentes do partido. A eleição de 2022 tomou boa parte das conversas do encontro, que não foi publicizado.
Dias depois, na votação do projeto que prorrogou as alíquotas de ICMS, os deputados do MDB, que pareciam irredutíveis, abrandaram as críticas à iniciativa e a executiva do partido entrou em campo, recomendando publicamente a aprovação do projeto. No fim das contas, o MDB entregou quatro votos favoráveis, mais a abstenção de Edson Brum, número suficiente para a aprovação.
Outro exemplo recente de sintonia ocorreu quando Leite recebeu e tornou público o apoio ao candidato do MDB à presidência da Câmara, Baleia Rossi.
Além de unificar a agenda de reformas no mesmo palanque em 2022, a união com o MDB pode ajudar Leite caso o governador venha a integrar alguma chapa na corrida presidencial. A aliança no Estado seria um argumento consistente para convencer o MDB nacional a juntar-se à composição formada por Leite.
Aliás
Ao puxar de vez o MDB para dentro do governo com a abertura de mais uma vaga ao partido no secretariado, Leite começa a criar as condições políticas para nova tentativa de aprovar a reforma tributária na Assembleia Legislativa. No ano passado, o projeto idealizado pelo governador não passou por falta de apoio
Aliás II
O presidente estadual do MDB, Alceu Moreira, é o ficha um do partido para encabeçar uma chapa ao governo do Estado. No PSDB, Eduardo Leite já reiterou diversas vezes que não quer disputar a reeleição, mas os tucanos não têm um sucessor natural para substituí-lo.
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