As nove deputadas estaduais que têm mandato na Assembleia Legislativa do Estado divulgaram uma nota de repúdio às ofensas proferidas contra a modelo Mariana Ferrer, na audiência do caso em que ela acusa de estupro de vulnerável o empresário André de Camargo Aranha. O comunicado foi emitido nesta sexta-feira (6).
No documento, as parlamentares expressam indignação com a postura do advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que defende o acusado, do juiz Rudson Marcos e do promotor de Justiça Thiago Carriço de Oliveira. As deputadas classificam a conduta dos três como "antiética e desumana". Durante a audiência, o advogado proferiu ofensas contra Mariana e exibiu fotos da modelo para atacá-la.
"Tal postura por parte do advogado e omissão do promotor e do juiz que conduzia o processo vão no sentido contrário de todas as lutas e empenho da sociedade brasileira, que clama pelo fim das injustiças e machismos que comprometem os julgamentos e conclusões dessa esfera do processo criminal", diz a nota da bancada feminina.
As parlamentares também pregam que, além da Justiça no mérito do caso, seja feita justiça "em relação aos comportamentos e atos inaceitáveis desses agentes públicos durante a instrução do processo", e cobram as devidas punições aos envolvidos.
"Queremos prestar nossa total solidariedade à vítima e aos seus familiares, assim como nosso apoio e fraternidade enquanto representantes de todas as mulheres gaúchas, deixando claro que não toleramos em hipótese alguma, qualquer tipo de violência ou assédio contra as mulheres", diz a nota.
Assinam o documento as deputadas Any Ortiz (Cidadania), Fran Somensi (Republicanos), Franciane Bayer (PSB), Kelly Moraes (PTB), Luciana Genro (PSOL), Juliana Brizola (PDT), Silvana Covatti (PP), Sofia Cavedon (PT) e Zilá Breitenbach (PSDB).
Leia a íntegra da nota:
"Nota de repúdio
A bancada feminina da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul vem, por meio deste, declarar veemente repúdio e indignação à postura do advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, do juiz Rudson Marcos e do promotor de Justiça Thiago Carriço de Oliveira, pela conduta antiética e desumana diante do julgamento do caso de possível estupro de vulnerável envolvendo o empresário André de Camargo Aranha, acusado, e a vítima, a modelo e blogueira Mariana Ferrer.
No processo, o advogado Cláudio Gastão, em defesa do réu, não se ateve aos autos do processo e deferiu uma sessão de violência psicológica e moral contra a vítima. Tal postura por parte do advogado e omissão do promotor e do juiz que conduzia o processo vão no sentido contrário de todas as lutas e empenho da sociedade brasileira, que clama pelo fim das injustiças e machismos que comprometem os julgamentos e conclusões dessa esfera do processo criminal.
Esperamos que, além da justiça no mérito do processo, seja feita também justiça em relação aos comportamentos e atos inaceitáveis desses agentes públicos durante a instrução do processo, com as devidas sanções, punições e/ou afastamento dos envolvidos.
Queremos prestar nossa total solidariedade à vítima e aos seus familiares, assim como nosso apoio e fraternidade enquanto representantes de todas as mulheres gaúchas, deixando claro que não toleramos em hipótese alguma, qualquer tipo de violência ou assédio contra as mulheres. Estamos unidas, de forma totalmente apartidária, buscando soluções, levantando debates e promovendo iniciativas que combatam os mais variados tipos de violência contra a mulher.
Porto Alegre, 06 de novembro de 2020
Dep. Any Ortiz
Dep. Fran Somensi
Dep. Franciane Bayer
Dep. Kelly Moraes
Dep. Luciana Genro
Dep. Juliana Brizola
Dep. Silvana Covatti
Dep. Sofia Cavedon
Dep. Zilá Breitenbach"