A explosão da ocupação de leitos de UTI por pacientes confirmados e suspeitos de covid-19 levou o prefeito Nelson Marchezan a radicalizar nas restrições à atividade econômica em Porto Alegre. A Capital, que pelo decreto anunciado sábado (20) à noite, teria algumas situações incompatíveis com a bandeira vermelha prevista para Região Metropolitana, vai voltar à situação do final de março.
Voltar à situação de março significa fechar comércio, indústria, construção civil, bares, restaurantes e todos os serviços que não sejam essenciais. Marchezan vai dar “um ou dois dias” para os setores se organizarem. Até lá, vale o decreto de sábado à noite que, embora contrarie o protocolo da bandeira vermelha em alguns pontos, foi referendado pelo governador Eduardo Leite ao flexibilizar algumas restrições.
— Muito ruim. Tentamos de todas as formas (conter o avanço do vírus) nas últimas duas semanas. Mas as projeções não alteraram, a circulação não diminuiu. Não correrei o risco — disse Marchezan à coluna.
O prefeito vem sofrendo pressões de todos os setores para afrouxar as restrições. O decreto anterior, que só permitia o funcionamento de lojas com faturamento anual até R$ 4,8 milhões (somando as filiais), foi bombardeado pelas entidades do comércio. Representantes dos shopping centers se insurgiam contra a restrição, alegando que com as lojas âncoras fechadas a circulação de pessoas caía drasticamente.
— É exatamente isso que nós queremos: reduzir a aglomeração de pessoas para conter a circulação do vírus — respondeu o prefeito em uma das muitas reuniões.
Nesta segunda-feira, com o avanço das internações na Região Metropolitana e Litoral, Marchezan chegou à conclusão de que precisava desistir da flexibilização para tentar evitar o colapso. No final da tarde, o mapa de leitos indicava 155 internados com teste positivo de covid-19 e 84 pessoas com suspeita da doença em leitos de UTI na Região Metropolitana. Só em Porto Alegre, são 100 pacientes em UTI com teste positivo de covid. Na quinta-feira eram 76.
A decisão de Marchezan tornou ultrapassado o debate sobre as atividades que Porto Alegre pretendia manter funcionando e que não estavam autorizadas na bandeira vermelha, porque o fechamento será geral. Como mais da metade dos pacientes internados em UTIs da Capital são da Região Metropolitana ou do Interior, Marchezan sugere aos prefeitos que adotem medidas para conter a circulação de pessoas, única forma de evitar o colapso do sistema de saúde nos próximos 15 dias.
Para mostrar que não é uma voz isolada, Marchezan cita o exemplo do prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, que também planeja novas restrições na Capital de Santa Catarina. Em entrevista à NSC TV, Loureiro não especificou os serviços que devem sofrer alterações, mas citou locais que serão avaliados como bares, comércio e espaços públicos:
— Os espaços com aglomeração mais constante como bares e outros serão analisados. A gente está avaliando os espaços públicos. E também a diferença do comércio de rua com o comércio em ambiente fechado, onde a capacidade de transmissão é muito maior.