Só se surpreendeu com o mapa do Rio Grande do Sul pintado de vermelho em cinco regiões quem não acompanhou a evolução dos dados nos últimos dias. Os saltos diários no número de internações, que apontam para o risco de colapso nas próximas duas semanas, estavam à disposição de quem se interessasse em acompanhar.
Isso explica por que o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, não esperou a definição das bandeiras para definir as duras medidas que serão adotadas a partir de segunda-feira (22). O decreto deve ficar pronto ainda na noite deste sábado (20), mas só será detalhado por Marchezan em transmissão ao vivo e entrevista no domingo (21).
Ganharam bandeiras vermelhas as regiões de Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, Capão da Canoa e Palmeira das Missões. Isso significa que 134 municípios passam a ter mais restrições a partir de terça-feira, se não conseguirem derrubar as restrições. Um quarto das cidades gaúchas ficou com bandeira vermelha, mas em população a proporção isso significa 45% (5.116.746 pessoas de acordo com o censo de 2018), já que abrange a Capital, toda a Região Metropolitana e o Vale do Sinos.
Os prefeitos que discordarem da classificação terão todo o domingo para provar que há dados defasados e pedir a revisão, mas será difícil retroceder a uma situação de menores restrições, porque as informações usadas para definir as bandeiras são as de sexta-feira (19). A velocidade de crescimento da ocupação de leitos de UTI foi o que mais pesou para o cenário de agravamento da crise, sobretudo na Região Metropolitana.
Marchezan passou o sábado reunido com a equipe, discutindo um conjunto de restrições. Parte delas o prefeito tinha anunciado para a semana que está terminando, mas acabou retrocedendo por pressão dos empresários do comércio e do setor de serviços.
No caso dos shopping centers, o prefeito queria ter fechado na segunda-feira (16), mas concordou em mantê-los abertos, restringindo o funcionamento às lojas com faturamento inferior a R$ 4,8 milhões por ano. Esse critério foi muito contestado pelas empresas, porque nesse valor está somado o faturamento de diferentes filiais. Agora, não serão fechados compulsoriamente, mas haverá tantas restrições que cada um decidirá se vale a pena abrir as portas.