— Fecha ou não fecha?
A pergunta que um gerente de restaurante fez para outro na calçada da Andradas era repetida por muitos empreendedores de Porto Alegre nesta segunda-feira (22). Muitos acordaram sem saber se podiam abrir as portas ou até que horas — anunciadas durante o final de semana, as determinações do governo estadual e do municipal para frear o avanço da covid-19 apresentam divergências.
Quanto a restaurantes, o prefeito Nelson Marchezan autorizou o atendimento presencial de público e até funcionamento de bufê, com restrição de horário até as 17h. Já pela bandeira vermelha anunciada pelo governador Eduardo Leite, a partir desta terça-feira (23), esses estabelecimentos só poderiam ter sistema de telentrega, pegue e leve ou drive-thru.
— A gente está na dúvida se o que vale é o que diz o governador ou o prefeito — diz também Vilmar Federizzi, sócio do Boteko Andradas, torcendo pela medida municipal: —0 Se continuasse aberto, mesmo que até as 17h, pra mim já estava bom.
Ele tenta não sofrer por ansiedade, já que, na sua avaliação, “cada minuto tem uma determinação nova”. Mas sabe que vai precisar avaliar a demissão dos funcionários caso tenha de fechar as portas de novo.
É o mesmo drama do gerente do Boteco Histórico, alguns metros adiante.
— Ninguém está preparado para fechar. Se tiver (que fechar), não sei o que farei com os funcionários: tínhamos suspendido os contratos, agora voltou todo mundo — relata Rafael Oliveira, 26 anos.
O movimento ainda era expressivo nas ruas do centro de Porto Alegre no começo da tarde, mesmo com o comércio predominantemente fechado.
Algumas lojas acabaram abrindo. Everton Mendes, 61 anos, gerente de uma loja de ternos da Andradas, conta que, no final de semana, ouviu entrevistas do prefeito Nelson Marchezan, leu reportagens na internet e ainda assim não entendeu se poderia ou não trabalhar.
— Vi que a cidade estava na bandeira vermelha, mas daí escutei uma entrevista com o Marchezan e entendi que ficava como está. Hoje, já li que não é bem assim — acrescenta.
GaúchaZH confirmou com a assessoria de imprensa da prefeitura que lojas como a que Everton trabalha não podem abrir — estão autorizados apenas autônomos e microempreendedores individuais, além de serviços essenciais, como farmácias e supermercados.
Uma loja de acessórios femininos era uma das únicas da Rua Otávio Rocha com as grades levantadas nesta tarde. Cesar Flores, 23 anos, fiscal de loja, conta que essa dúvida também aconteceu pela manhã. Enquanto isso, ele admite que tem medo de ser demitido com nova interrupção no atendimento.
— Estou bem preocupado.