Assinada por 20 dos 27 governadores, a carta encaminhada nesta segunda-feira (17) ao presidente Jair Bolsonaro deve ser lida como um pedido de respeito aos que foram eleitos para administrar os Estados. Sem usar palavras rudes, os governadores estão dizendo que bravatas não levarão a lugar algum e que é preciso tratar com seriedade as relações federativas.
O incômodo com a tentativa de jogar no colo dos governadores a culpa pelo preço alto dos combustíveis ainda não tinha sido digerido quando o presidente resolveu atacar o baiano Rui Costa (PT), em comentário sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega. Vinte governadores, incluindo o gaúcho Eduardo Leite, decidiram marcar posição e tornar público seu descontentamento com a forma leviana como Bolsonaro trata questões complexas.
Usando o plural, embora se trate do caso da Bahia, os signatários da carta reclamam de o presidente estar “se antecipando a investigações policiais para atribuir graves fatos à conduta das polícias e seus governadores”.
Condecorado como herói por Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, Adriano trocou de lado. Tornou-se um dos líderes da milícia. Foragido da Justiça, escondeu-se na Bahia. A polícia sustenta que foi morto porque reagiu à prisão. A família diz que foi executado como queima de arquivo. Até que se conclua a investigação, é prematuro tirar conclusões.
Na carta, os governadores pedem “equilíbrio, sensatez e diálogo”. E convidam Bolsonaro para um encontro, em 14 abril. Será a oportunidade de tratar assuntos de Estado frente à frente, com a responsabilidade que os cargos exigem.
Aliás
A forma como a família Bolsonaro trata a morte do miliciano Adriano da Nóbrega pela polícia é, no mínimo, curiosa para quem partilha da teoria de que “bandido bom é bandido morto”.
Nova baixa no governo Marchezan
Mais um secretário adjunto de Porto Alegre deixa o cargo nesta semana. É o número dois da Fazenda, Rogério Rios, que pediu demissão por motivos pessoais. Vai passar uma temporada na Europa. Em seu lugar assume a chefe de gabinete do secretário Leonardo Busatto, Liziane Baum.
Neste ano, já saíram do governo os secretários da Transparência, Luciane Rache, e do Desenvolvimento Econômico, Eduardo Cidade, além do adjunto do Planejamento, Daniel Rigon. Os substitutos devem ser conhecidos nos próximos dias.
15 dias
Pressionado pelo PSDB a assumir a candidatura à reeleição, o prefeito Nelson Marchezan pediu prazo de 15 dias. Mera formalidade: até as pedras do Largo Glênio Peres sabem que o prefeito é candidato.