Governadores de 20 Estados, incluindo Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, elaboraram uma carta "em defesa do pacto federativo", na qual criticam declarações de Jair Bolsonaro, feitas no último final de semana, sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, na Bahia.
Na nota, divulgada nesta segunda (17), os governadores citam recentes falas de Bolsonaro "confrontando os governadores" e "se antecipando a investigações policiais para atribuir graves fatos à conduta das polícias e seus governadores". O documento é mais um capítulo da relação ruidosa que se estabeleceu entre gestores estaduais e o presidente nas últimas semanas.
A carta, divulgada pelo Fórum dos Governadores, começou a ser gestada no final de semana, após Bolsonaro ter acusado a "PM da Bahia do PT" de uma "provável execução" de Adriano, ex-capitão da PM morto em operação policial no último dia 9.
No texto, os governadores também voltaram a criticar a provocação feita pelo presidente em relação aos impostos que incidem sobre os combustíveis. Eles dizem que Bolsonaro estaria "apenas desafiando governadores a reduzir impostos vitais para a sobrevivência dos Estados", sem tratar expressamente do assunto. Ao ser pressionado pela alta dos combustíveis nas últimas semanas, Bolsonaro disse que acabaria com os impostos federais sobre combustíveis, caso os governadores fizessem o mesmo em âmbito estadual.
Os vinte governadores também dizem que é "preciso observar os limites institucionais com a responsabilidade que nossos mandatos exigem" e pedem "equilíbrio, sensatez e diálogo".
A iniciativa de se posicionar contra as falas de Bolsonaro partiu do governador Wilson Witzel (PSC-RJ), endossada em seguida por João Doria (PSDB-SP). Ambos são adversários políticos do presidente. Depois, outros governadores chancelaram a proposta.
"Trabalhando unidos conseguiremos contribuir para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, pela redução da desigualdade social e a busca pela prosperidade econômica. Juntos podemos atuar pelo bem do Brasil e dos brasileiros", continua a carta.
Ao final, eles convidam Bolsonaro a participar de um encontro do fórum em 14 de abril.
Assinam a nota governadores de 20 Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia, Paraíba, Distrito Federal, Minas Gerais, Pará, Maranhão, Acre, Amapá, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Mato Grosso do Sul e Amazonas.