A união com a oposição para tentar derrubar as emendas individuais de R$ 1 milhão por deputado evidenciou mais uma vez o distanciamento do MDB, maior bancada da base, com o governo Eduardo Leite (PSDB). Vencido pelo governador no segundo turno das eleições, o partido tem se mostrado um aliado problemático, sublinhando publicamente algumas divergências com iniciativas do governo.
No caso das emendas parlamentares, foi o primeiro a recusar a verba, acusando Leite de promover um “retrocesso no gerenciamento dos recursos públicos”, e, nesta terça-feira (1º) enfileirou seus oito deputados junto à oposição na Assembleia para articular a migração dos recursos para a Consulta Popular.
Antes, os emedebistas já haviam causado embaraço ao retirar o quórum e adiar, por duas semanas, a aprovação dos novos membros da diretoria do Banrisul. Integrantes da bancada também assumiram uma postura de antagonismo com o Piratini em pautas como a venda de ações do banco e o pagamento de honorários advocatícios a membros da Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
O deputado Edson Brum, que lidera a articulação para acabar com o pagamento extra aos procuradores estaduais, instituído por resolução, reconhece o distanciamento com o governo:
— Estou tratando o governo como sogra: nem muito perto que venha morar comigo e nem muito longe que venha passar um mês — brinca Brum .
Adepto das metáforas, o deputado reclama da desatenção do governo, que entrega "pratos prontos", e compara:
— Sou como um cachorrinho: se pisa na patinha, eu mordo; se me faz carinho, lambo.
Menos incisivo, o líder da bancada, Fábio Branco destaca que o partido toma posição conforme suas convicções, mas que vota com o governo “em 99% dos casos”. Segundo ele, embora integre a base aliada, o MDB não abrirá mão da autonomia em plenário.
—Votamos de acordo com as nossas convicções. Se o governo quiser assim…
Líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP) rechaça qualquer possibilidade de racha com os emedebistas. Ele contemporiza as divergências e nega problemas com o maior integrante da base:
— Cada um tem um pensamento, eles têm o pensamento deles. Mas fazem parte do governo.
Deputados do MDB que não concordam em dar apoio em troca de cargos citam com frequência uma frase do ex-secretário Cezar Schirmer:
— Quanto menos tu estás no governo, mais fácil de sair.
O próximo ato de rebeldia do MDB tende a ocorrer na votação do novo Código Ambiental, que foi enviado pelo governo em regime de urgência e precisa ser votado até 29 de outubro.
Os 30 dias para discussão das mais de 480 mudanças foram considerados exíguos e a bancada já organizou uma comissão formada por assessores com conhecimento da área e ex-integrantes do governo de José Ivo Sartori que atuaram na aérea ambiental.
O parecer do colegiado deve embasar os votos de parte dos deputados, que podem, mais uma vez, desobedecer a orientação palaciana.
Alteração nas carreiras
Mesmo com os salários atrasados, o governador Eduardo Leite deve encaminhar à Assembleia, nos próximos dias, o projetos que alteram carreiras de servidores. A avaliação é de que as propostas são cruciais para o governo federal aprovar o plano de adesão ao regime de recuperação fiscal.
Procergs fez 33 dias de greve
Pouca gente percebeu, até porque os serviços continuaram funcionando sem maiores problemas, mas os servidores da Procergs encerraram ontem uma greve de 33 dias.
Os trabalhadores conseguiram manter várias cláusulas do acordo coletivo, mas o reajuste salarial e dos benefícios pelo INPC (3,31%) será objeto de negociação na campanha salarial de 2020.
Ficou acertado que 50% das horas de greve serão abonadas e a outra metade será compensada. A principal bandeira do sindicato agora será a luta contra a privatização.
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