A propaganda eleitoral no rádio e TV, historicamente decisiva para a consolidação do voto e para a definição dos eleitores que ainda não têm candidato, começa no mesmo dia em que o Tribunal Superior Eleitoral julgará o pedido do PT para que o ex-presidente Lula apareça nos programas como candidato. É possível que ainda nesta sexta-feira (31) o TSE decida sobre o registro da candidatura de Lula, obrigando o PT a antecipar a substituição do candidato pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
O desejo do PT era estender até o mais perto possível da eleição a dúvida do eleitor sobre a possibilidade de Lula concorrer, mas os ministros do TSE têm dito que a definição precisa ser rápida, para que o eleitor faça sua escolha sabendo quem são os candidatos. São remotas as possibilidades de Lula ter a candidatura aceita, porque a condenação em segunda instância o torna inelegível pelos critérios da Lei da Ficha Limpa, mas o PT invoca precedentes em que a Justiça autorizou condenados a concorrerem.
O PT obteve uma vitória importante na Justiça, ao garantir que o nome de Lula continue a constar das pesquisas de intenção de voto enquanto não for indeferido o pedido de registro. Se Lula for mesmo impedido, começará a corrida do PT para tentar transferir os votos de Lula para a Haddad, que nas pesquisas não passa de 4%. É uma estratégia de risco, mas calculada milimetricamente pelo ex-presidente, que até aqui lidera todas as pesquisas de intenção de voto, mesmo estando preso desde abril.
Vencida essa etapa, restará outra dúvida: pode o PT usar a imagem de Lula pedindo votos para Haddad? A situação é inédita. Em tese, um preso não poderia gravar propaganda eleitoral, mas nada impede o PT de usar imagens do passado, inclusive quando escolheu Haddad para ser candidato a prefeito de São Paulo. O candidato do PT terá direito a dois minutos e 23 segundos em cada bloco da propaganda eleitoral que para os candidatos a presidente começa amanhã, mais 189 inserções de 30 segundos.
Geraldo Alckmin (PSDB) tem mais do que o dobro: cinco minutos e 32 segundos, mais 434 inserções. É um latifúndio, principalmente se comparado aos oito segundos do candidato Jair Bolsonaro (PSL), que aparece em segundo lugar nas pesquisas com o nome de Lula liderando e em primeiro nas que o ex-presidente é substituído por Haddad.
O desafio de Alckmin é encontrar uma forma adequada de usar esse tempo, sendo um candidato sem carisma, que carrega na história a marca de ter feito menos votos no segundo turno do que no primeiro em 2006. Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), que nas pesquisas aparecem no pelotão intermediário nas pesquisas, também padecem com a falta de tempo para expor suas ideias no rádio e na TV.
Marina tem 21 segundos e Ciro, 38. Henrique Meirelles (MDB) tem um minutos e 55 segundo para tentar sair da zona do rebaixamento, aquela área sombria em que estão metade dos 13 candidatos, com percentuais na faixa de 1% a 2%.