A partir de sexta-feira, dia 31, a campanha eleitoral entra na segunda e decisiva fase, com o início da propaganda no rádio e na TV. Ainda que boa parte dos eleitores fuja dos programas eleitorais e que a internet tenha crescido como arena de discussões políticas, a propaganda pelos meios tradicionais ainda tem peso significativo na formação da opinião, pelas dimensões continentais do Brasil e porque uma parcela bastante significativa do eleitorado ainda vive à margem do mundo digital.
A história mostra que as posições nas pesquisas se consolidam ou se alteram depois do início da propaganda. Por isso, especialistas ensinam que só se terá um retrato mais claro do quadro eleitoral a partir de 15 de setembro.
Mais importantes do que os blocões duas vezes ao dia são as inserções ao longo da programação, porque essas o ouvinte e o telespectador não têm como fugir. Acertar no tom da mensagem que será veiculada nesses 30 segundos é crucial para conquistar indecisos, que hoje representam mais de um terço do eleitorado. O espaço também é importantíssimo para a fixação do número do candidato, informação essencial.
Ninguém pode ignorar a importância da internet na campanha, mas é preciso ter cuidado para não superestimar sua influência. Entre os militantes fanáticos predomina a sensação de que seu preferido já está eleito porque não conhecem ninguém que vote em outro concorrente. É o efeito da bolha: por conviverem com seus iguais, acham que as pesquisas estão erradas. Uma das frases mais ditas nos grupos de WhatsApp de militantes é que “se todo mundo que eu conheço vota no candidato X, ele só não ganha no primeiro turno se a eleição for fraudada”.
No Facebook, o algoritmo aproxima os semelhantes. No YouTube, fala-se para convertidos. Nos grupos de WhatsApp, iguais conversam entre si. No Twitter, o mais comum é as pessoas seguirem quem diz o que gostariam de ler. A compra de seguidores e a multiplicação de perfis de robôs tira todo o valor de um assunto estar entre os mais falados do Twitter, sem contar que um candidato que usa essa estratégia para parecer maior ou mais popular do que é pode estar incorrendo em dois erros: o autoengano e a burla à legislação eleitoral, passível de punição.
Foi o que ocorreu no fim de semana com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que chegou aos trending topics graças à ação de uma agência que teria contratado influenciadores para postar textos a favor dele, do PT e de outros candidatos do partido. Dias negou que tenha contratado usuários para falarem bem de sua gestão, mas, se ficar comprovado que as publicações foram pagas, os candidatos beneficiados com a estratégia correm o risco de perder o registro eleitoral.
Com a propaganda no rádio e na TV, a mensagem pode furar esses bloqueios. Esse é o motivo que leva os candidatos a buscarem desesperadamente alianças que garantam maior tempo de exposição. Como quantidade não basta, entram em cena os marqueteiros e as pesquisas de opinião, ensinando os candidatos a dizerem o que o eleitor quer ouvir.