Como parte do olhar para o futuro que o Rio Grande do Sul precisa lançar em meio à maior tragédia climática de sua História, empresas e instituições que compõem o Pacto Alegre, grupo que busca soluções inovadoras para a Capital, estão apresentando um grande plano chamado "Porto Alegre Resiliente". Tratam-se de cinco projetos, quatro deles de curto e um de longo prazo. O objetivo é ajudar a reerguer a cidade e o Estado e preparar as comunidades para os desafios ambientais, como prevenção e adaptação às mudanças climáticas.
Conforme os organizadores, a ideia é "consolidar uma cultura de resiliência na comunidade, entendendo a importância de a cidade dispor de uma estrutura organizada, com uma liderança pública ativa e reconhecida". No momento em que a prefeitura da Capital e o governo do Estado negociam com consultorias nacionais e internacionais para a elaboração de planos de gestão da reconstrução, as entidades que fazem parte do Pacto Alegre, entre elas grandes universidades, como UFRGS, PUCRS e Unisinos, desejam contribuir com seu conhecimento científico e experiência.
Um grupo de trabalho será composto por, entre outros pesquisadores, especialistas internacionais, como Santiago Uribe, da Universidade de Antióquia (Colômbia), Jeff Hérbert, coordenador do Escritório de Resiliência de New Orleans, cidade que sofreu a tragédia do furacão Katrina, em 2005, Henk Ovink e Meike van Ginneken, embaixadores da Água na Holanda, e Marcelo Pisani, diretor da Organização Mundial para Imigrações (ONU). O plano já foi apresentado ao prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e ao governador Eduardo Leite.
O plano tem como ações prevenir a migração forçada, ofertar assistência e proteção às pessoas, facilitar a migração como estratégia de adaptação das pessoas afetadas, melhorar a resiliência das comunidades atingidas e contribuir com a reativação da atividade econômica e do trabalho.
— A ideia é contribuir, de forma solidária, em um projeto estadual, que o governador está desenvolvendo — explica o coordenador do comitê estratégico do Pacto Alegre e superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, Jorge Audy.
A iniciativa de longo prazo prevê a criação de um comitê científico de emergência climática, com a presença de pesquisadores e especialistas para assessorar e acompanhar os governos na implantação do Programa de Emergência Climática e Ambiental do RS.
Uma reunião será realizada com o vice-governador Gabriel Souza nesta semana para que sejam acertados detalhes da parceria, que deve ser oficializada por meio de protocolo.
Outras iniciativas, de curto prazo, já estão em andamento, segundo Audy: a gestão de abrigos de Porto Alegre, com recepção, distribuição de alimentos, roupas, kits de higiene e medicamentos, em parceria com o SOS RS Ajuda, Secretaria da Educação (Seduc), Procempa, Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia, entre outras; limpeza solidária, focado na limpeza de residências atingidas pela enxurrada, que, nesta segunda-feira (20) atuava nos bairros Menino Deus e Cidade Baixa, na Capital; comunicação resiliente, e o hospital veterinário de campanha instalado no estacionamento da Unisinos.
Criado em 2019, o Pacto Alegre tem como objetivo reunir forças públicas e privadas em busca de soluções para a capital gaúcha. Pela primeira vez terá uma ação fora da cidade.