Quando terroristas do Hamas invadiram Israel para matar 1,2 mil pessoas (253 foram sequestradas), em 7 de outubro, um dos temores era de que o conflito deflagrado a partir daquele massacre transbordasse para além do Levante, a região do Oriente Médio que tem a antiga Palestina como coração. Pois bem, essa guerra mais ampla, que draga praticamente todo aquela área e chega à Ásia Central, já é, infelizmente, uma realidade.
Nas últimas semanas, uma série de ataques e contra-ataques fez girar a insana roda de ódios que alimenta a violência política e religiosa naquela esquina do mundo.
Na fronteira Norte, o Hezbollah, grupo xiita libanês, deflagrou ações contra Israel, que revidou. Recentemente, Israel atacou a capital do Líbano, Beirute, para matar um líder do Hamas.
No Sul, os houthis, outra milícia xiita que, assim como o Hezbollah, recebe, apoio logístico e armas do Irã, iniciou ataques contra Israel. Os mesmos combatentes lançaram mais de 20 ataques contra navios cargueiros no Mar Vermelho, praticamente inviabilizando a importante rota comercial entre Oriente e Ocidente. Em retaliação, Estados Unidos e Reino Unido bombardearam mais de 60 alvos dos houthis no Iêmen a partir de 12 de janeiro. No dia 16, o Irã atingiu supostos centros de espionagem do Mossad, o serviço secreto israelense, na Síria e no Iraque. No lado iraquiano, a área atingida foi o Curdistão, região separatista e praticamente enclave ocidental no país. Na sequência, o governo dos aiatolás disparou contra o grupo militante Jaish al Adl violando a soberania e o espaço aéreo do Paquistão, aliado americano. Este, por sua vez, revidou, bombardeando a província de Sistão-Baluchistão, no Irã, enclave da Frente de Libertação Balúchi.
Nesse rápido resumo, estamos falando de sete países envolvidos, além de Gaza.
Hamas, Hezbollah e houthis são os tentáculos de um mesmo corpo e cabeça: o Irã. São braços armados utilizados pelos fanáticos aiatolás para fazer o serviço sujo para além das fronteiras iranianas. São parte do chamado arco xiita.
Assim, começa a ficar mais evidente o que o desejavam os extremistas ao invadir, matar e sequestrar israelenses em 7 de outubro. Era apenas a ponta do iceberg de um objetivo maior do que inviabilizar o moribundo processo de paz entre israelenses e palestinos e dinamitar a aproximação entre Israel e nações árabes, nos chamados Acordos de Abraão. Na verdade, de forma covarde ao não assinar seus atos, utilizando-se de guerras por procuração, o Irã e seus braços terroristas desejavam incendiar todo o Oriente Médio.