Os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram ataques aéreos na quinta-feira (11) contra os rebeldes houthis no Iêmen, em resposta às agressões desse grupo apoiado pelo Irã contra a navegação no Mar Vermelho, conforme informaram autoridades e testemunhas em cidades do país árabe.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou em um comunicado que os bombardeios atingiram "com sucesso" vários alvos houthis com o "apoio" da Austrália, Bahrein, Canadá e Países Baixos.
Os houthis têm realizado um número crescente de agressões na importante rota marítima do Mar Vermelho desde o início da guerra de Gaza com o ataque sem precedentes do grupo terrorista Hamas contra Israel, em 7 de outubro.
Fortes ataques aéreos atingiram aeroportos e instalações militares no Iêmen nas primeiras horas desta sexta-feira (12), indicou a mídia oficial dos rebeldes e correspondentes da AFP.
Origem dos houthis
Fundada em 1990 com o propósito de resistir ao governo do presidente da época, Ali Abdullah Saleh, a organização foi inicialmente constituída por indivíduos do norte do Iêmen, liderados por Houssein al Houthi. Esses membros pertenciam à minoria muçulmana xiita do país, conhecida como zaiditas. As informações são do portal g1.
Ao longo dos anos, os houthis consolidaram sua influência, especialmente após a intervenção liderada pelos Estados Unidos no Iraque em 2003. Ao proclamarem slogans como "Morte aos Estados Unidos", "Morte a Israel", "Maldição sobre os judeus" e "Vitória ao Islã", o grupo rapidamente se posicionou como integrante do "eixo da resistência", liderado pelo Irã em oposição a Israel e ao Ocidente.
Os houthis fazem parte do autoproclamado "eixo de resistência", um grupo de movimentos armados hostis a Israel e apoiados pelo Irã que também inclui o Hamas e o Hezbollah, do Líbano.
Guerra no Iêmen
O conflito no Iêmen teve início em 2014, quando os houthis avançaram a partir do norte do país, ocupando a capital, Sanaa. Esse movimento obrigou o governo internacionalmente reconhecido a se retirar para o sul e, posteriormente, buscar refúgio no exílio.
Em 2015, a Arábia Saudita ingressou no conflito, assumindo a liderança de uma coalizão militar que incluía os Emirados Árabes Unidos e outras nações árabes. Apoiado pelos Estados Unidos, esse grupo conduziu uma intensiva campanha de bombardeios e prestou apoio às forças governamentais e milícias no sul do território do Iêmen.
Com o decorrer do tempo, o conflito transformou-se em uma disputa indireta entre Arábia Saudita e Irã, contando com o respaldo de seus respectivos apoiadores. Conforme indicado por um relatório divulgado em janeiro de 2023, armamentos fornecidos pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos à coalizão foram empregados, resultando na perda de dezenas de vidas no conflito.
Por vários anos, nenhum dos lados conseguiu conquistar ganhos territoriais significativos: os houthis conservam o controle sobre o norte, incluindo Sanaa, e grande parte do oeste densamente povoado, enquanto o governo e as milícias dominam o sul e o leste, abrangendo as áreas centrais vitais que abrigam a maior parte das reservas de petróleo do Iêmen.
Embora tenha tecnicamente expirado há mais de um ano, um cessar-fogo continua a ser amplamente respeitado. Nos últimos meses, observou-se algumas trocas de prisioneiros e até mesmo discussões entre as partes sobre a viabilidade de uma trégua. No entanto, oficialmente, a paz na região ainda não foi estabelecida.
A ONU designa a guerra no Iêmen como a mais severa crise humanitária contemporânea, resultando no deslocamento interno de mais de 4,5 milhões de pessoas e com 80% da população enfrentando condições de pobreza. As crianças são as mais impactadas, com aproximadamente 11 milhões delas vivendo em situações desesperadoras e necessitando de assistência humanitária, conforme apontado pelas Nações Unidas.
Ataques a navios
Desde novembro, os rebeldes têm conduzido ataques contra navios que atravessam o Mar Vermelho em protesto à guerra de Israel contra o Hamas, um dos seus aliados na Faixa de Gaza. Em dezembro, por exemplo, uma embarcação norueguesa foi alvo de um ataque com míssil na costa do Iêmen.
O grupo afirmou que persistirá com ataques até que Israel cesse o conflito em Gaza e advertiu que retaliaria contra navios de guerra dos EUA caso a milícia fosse alvo. O ataque conjunto realizado na sexta-feira (12) pelos EUA e Reino Unido contra a organização iemenita foi o primeiro desde o início dos ataques dos rebeldes a navios comerciais.
A operação ocorreu um dia após o grupo rebelde efetuar o maior ataque nas rotas comerciais do Mar Vermelho desde 19 de novembro. As autoridades relataram que as forças britânicas e norte-americanas foram capazes de neutralizar os 21 drones e mísseis lançados pela organização.