O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu, nesta quarta-feira (10), o fim imediato dos ataques houthis à navegação comercial no Mar Vermelho, e pediu aos países que respeitem o embargo de armas a esse grupo rebelde, que controla grande parte do Iêmen.
A resolução, proposta por Estados Unidos e Japão, teve 11 votos a favor e as abstenções de Rússia, China, Moçambique e Argélia, e "exige que os houthis cessem imediatamente todos os ataques que impedem o comércio global e que solapam os direitos de navegação e as liberdades, assim como a paz e segurança da região".
O texto também "condena nos termos mais contundentes os ataques contra navios mercantes e comerciais realizados desde 19 de novembro", quando os 25 tripulantes do Galaxy Leader foram sequestrados.
O órgão máximo da ONU para a paz e segurança mundiais "toma nota" do direito dos Estados-membros de defender os navios contra os ataques.
Desde o começo do conflito entre Israel e Hamas, em outubro, os houthis, ligados ao Irã, intensificaram seus ataques no Mar Vermelho para prejudicar o tráfego marítimo internacional, alegando que atuam em solidariedade aos palestinos de Gaza.
País aliado de Israel, os Estados Unidos, criou em dezembro uma coalizão internacional para proteger o tráfego marítimo dos ataques houthis nesta área estratégica por onde passa 12% do comércio mundial, o que a Rússia denunciou.
— Não podemos deixar de nos preocupar com a situação atual no Mar Vermelho, mas nos preocupa que os Estados Unidos e seus aliados prefiram, como fazem com frequência, optar por uma solução unilateral pela força — denunciou o embaixador russo, Vassili Nebenzia.
Após apontar as violações "em larga escala" do embargo de armas contra os houthis, a resolução reitera a necessidade de que todos os Estados-membros "respeitem suas obrigações" quanto a isso.
Segundo o relatório mais recente dos especialistas encarregados pelo Conselho de supervisionar o embargo de armas, datado de novembro, os houthis "reforçam consideravelmente sua capacidade militar em terra e no mar, bem como seu arsenal de mísseis e aviões não tripulados, violando o embargo".
A resolução pede que sejam discutidas "as causas profundas" da situação, "incluindo os conflitos que contribuem para as tensões regionais".
A Rússia, cujas três emendas ao projeto de resolução foram rejeitadas, queria acrescentar "o conflito na Faixa de Gaza" à lista de fatores que contribuem para as tensões. Estabelecer essa relação com Gaza teria "encorajado os houthis" e "aberto um precedente perigoso para o Conselho, ao legitimar essas violações do direito internacional", conforme explicou a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, que criticou o apoio "financeiro e material" do Irã aos rebeldes iemenitas.
— Sabemos que o Irã está bastante envolvido no planejamento de operações contra navios comerciais no Mar Vermelho — ressaltou Linda.
— Continuamos muito preocupados com a situação no Mar Vermelho, não apenas pela situação em si, os riscos para o comércio mundial, o meio ambiente e as pessoas, mas também devido ao risco de escalada para um conflito mais amplo no Oriente Médio — declarou o porta-voz de Antonio Guterres, secretário-geral da ONU.