Nas últimas 12 horas, houve informações desencontradas sobre se as Forças de Defesa de Israel, nome oficial das forças armadas israelenses, teriam ingressado por terra na Faixa de Gaza, o que elevaria o conflito atual a um novo patamar de gravidade. Na quinta-feira (13), um comunicado oficial informava que as operações terrestres haviam começado, informação que, horas depois foi negada e atribuída a um "erro de comunicação".
Ao que tudo indica, Israel mobiliza tropas na fronteira de Gaza, um território, como já comentei aqui, de tamanho equivalente à metade de Porto Alegre. Mas ainda não entrou. A medida é uma forma de intimidação.
Entrar em Gaza seria um erro.
Primeiro porque Israel não precisa de uma ação desse tipo para neutralizar alvos do Hamas. Tem feito isso com o uso de artilharia e com aviões e helicópteros de ataque desde segunda-feira (10), com mais de 600 ofensivas contra o território. Tudo isso, "de fora" de Gaza. As forças armadas israelenses, as mais tecnológicas do mundo, sabem exatamente onde se escondem os líderes extremistas e os locais de fabricação de foguetes. Os bombardeios miram, segundo Israel, esses pontos.
Ou seja, Israel está cumprindo sua missão com a operação "Guardião das Muralhas" sem a necessidade de invasão, enquanto seu sistema antimíssil, o Domo de Ferro (Iron Dome), tem sido eficiente em barrar 90% dos foguetes lançados de Gaza pelo Hamas.
Entrar em Gaza seria um erro também porque acabaria expondo militares a grande perigo em conflito urbano, casa a casa, rua a rua. O risco nesse tipo de conflito assimétrico é de sequestro ou explosões com homens-bomba. Baixas levariam a população israelense a contestar a ação.
Em terceiro lugar, ao ingressar em Gaza, Israel perderia apoio internacional e teria sua imagem manchada na guerra da propaganda. Na última invasão, em 2014, morreram 2 mil palestinos.
Uma ação do tipo também acirra os ânimos. Até agora, foram lançados mais de 1,8 mil foguetes contra Israel. Diante de uma invasão, esse número pode aumentar. Uma invasão também poderia atrair outros atores para o conflito. Da fronteira libanesa já partiram foguetes do Hezbollah contra Israel nas últimas 24 horas, e o Irã está à espera de uma ofensiva como essa para ter uma desculpa para se envolver diretamente no conflito - por enquanto, age nos bastidores, ajudando o Hamas.
Por fim, Gaza é simbólica. Uma invasão por terra retiraria o argumento israelense de que está se defendendo das ações do Hamas, uma vez que partiria para o ataque, prolongando ainda mais o conflito.