Nas últimas 72 horas, mais de 1,6 mil foguetes foram lançados pelo Hamas contra Israel, que, na dinâmica insana da ação e reação no Oriente Médio, por sua vez, bombardeou a Faixa de Gaza cerca de 600 vezes.
Como a região palestina, equivalente à metade da área de Porto Alegre, não tem nenhum sistema de proteção militar, os bombardeios israelenses costumam mandar pelos ares, em segundos, prédios que, conforme Israel, são usados como escritórios por líderes do grupo extremista. Não raro ocorrem efeitos colaterais, eufemismo militar para a morte de civis.
Do outro lado, no céu israelense, desde o início da nova crise no Oriente Médio, imagens dos dos foguetes cortando a escuridão e sendo interceptados por mísseis israelenses ocuparam boa parte do noticiário internacional. Alguns furam o bloqueio e também matam civis. Mas a maioria é bloqueado pelo poderoso escudo antimísseis desenvolvido em Israel, com o apoio dos Estados Unidos, de 2011 para cá.
O mais famoso é o "Iron Dome" (Domo ou Cúpula de Ferro), parte de um amplo sistema de defesa aérea. É o mais utilizado porque, em se tratando de ataques dos foguetes do Hamas (em geral com os Qassam), o alcance, normalmente, é pequeno - em geral, visam cidades próximas a Gaza, como Askelan, que está no alvo na atual crise.
O sistema foi projetado pela companhia Rafael Advanced Defense System LTD, empresa privada com laços com as forças armadas israelenses e testado pela primeira vez em combate em 2011 quando derrubou um míssil lançado contra a cidade de Beer Sheva.
Em caso de distâncias maiores (entre 40 e 300 quilômetros), é usado o "Funda de David". E há ainda o sistema Arrow, que intercepta mísseis de longo alcance, como o Shahab-2, de fabricação iraniana.
Como funciona: quando um foguete é lançado de Gaza, o sistema de rastreamento eletrônico detecta sua presença. Imediatamente, sua trajetória é projetada. Se a tendência é de que caia em um local ermo, nada é feito, a fim de evitar desperdício. Mas se é identificado que o foguete se dirige a uma região habitada ou estratégica, os mísseis interceptadores partem de baterias antiaéreas localizadas nos arredores das cidades. O aparelho inimigo é explodido no ar.
A eficiência do Domo de Ferro, segundo Israel, é de 90%. Por isso, dos 1,6 mil foguetes lançados contra o país desde segunda-feira (10), poucos conseguiram driblar a defesa. Ainda assim, alguns o fizeram: um deles chegou a atingir o sul de Tel Aviv, a 60 quilômetros de Gaza, o que mostra que os artefatos estão mais eficientes.
A partir dos destroços dos que caíram do lado israelense, é possível identificar que a origem dos armamentos continua sendo o Irã, o que confirma duas coisas: que armas continuam entrando em Gaza, apesar do cerco israelense, e que o país dos aiatolás, tem muito interesse no cenário de quanto pior melhor, conforme escrevi aqui.
Além dos foguetes com tecnologia iraniana, o Hamas tem há décadas expertise para construir, de forma artesanal, seus próprios equipamentos, normalmente com pouco material - basicamente, ferro e explosivos.
Ações com drones ainda são raras. No ano passado, as forças israelenses interceptaram um VANT (veículo aéreo não tripulado), nome técnico do equipamento voador, com explosivo e câmera. O uso desse equipamento ainda não é comum pelos palestinos. Mas já é usado pelos rebeldes huthis do Iêmen. Em fevereiro de 2021, quatro drones atingiram áreas onde aviões militares estavam no aeroporto de Abha, no sul da Arábia Saudita.