Quando desembarquei em Tel Aviv, em 2006, para a cobertura da guerra entre Israel e o Hezbollah, fui alertado pelo recepcionista do hotel de que, se as sirenes soassem, eu teria no máximo um minuto para correr até um abrigo antiaéreo. Àquela altura, se um foguete katyusha despencasse sobre a mais cosmopolita cidade do Oriente Médio, capital econômica de Israel, significaria que a guerra, até então restrita ao norte do país, se expandiria para toda a região.
É esse o potencial que têm, neste 2021 pandêmico, os foguetes do Hamas que nesta terça-feira (11) caíram em Holon, no sul de Tel Aviv. Atingir a cidade é como cruzar uma linha vermelha simbólica para ambos os lados. Os extremistas só miram Tel Aviv quando querem guerra. E os israelenses, quando atingidos ali, mudam de patamar o uso da força.
A Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas, é o teatro de operações, campo de tiro livre entre israelenses e palestinos. O estopim de uma crise pode ocorrer na Cisjordânia ou em Jerusalém, como na atual crise, mas é sobre Gaza que o fogo e fúria de Israel costumam ser derramados.
Em resposta aos mais de 700 foguetes lançados desde segunda-feira (10) a partir de Gaza contra Israel, as forças israelenses derrubaram um prédio inteiro que serviria de escritório do Hamas.
O que falta para considerarmos o que ocorre no Oriente Médio uma guerra? Talvez, apenas a invasão de Gaza, por terra. Tropas já estão nas fronteiras do território. Mas não, não precisaríamos chegar a tanto. Sirenes estão ecoando em Tel Aviv, voos foram suspensos no Aeroporto Ben Gurion, foguetes palestinos estão caindo e matando israelenses, foguetes israelenses estão caindo e matando palestinos. Na prática, o Oriente Médio já está de novo em guerra.