Em uma clara exposição das fraturas que Donald Trump provocou no Partido Republicano, 10 deputados da legenda votaram pelo impeachment do presidente, na sessão de quarta-feira (13) na Câmara americana.
Trump, a seis dias do fim do mandato, é o primeiro chefe de Estado a sofrer dois processos de impeachment da história dos Estados Unidos. Veja quem são os congressistas que o traíram.
Adam Kinzinger (Illinois) - Aos 42 anos, é um dos congressistas mais jovens do parlamento e também uma das vozes críticas ao presidente dentro do Partido Republicano. É piloto da força aérea americana e atuou nas guerras do Afeganistão e do Iraque. Desde o início da discussão sobre o novo impeachment, Kinzinger vinha afirmando que seria a favor da medida e avaliando custos políticos. Tem defendido a reforma do partido, o afastamento dos radicais e costuma dizer que a maioria dos republicanos que apoia Trump são "apenas bons republicanos que foram enganados por quatro anos".
Liz Cheney (Wyoming) - Filha do ex-vice-presidente Dick Cheney, parceiro de George W. Bush durante oito anos na Casa Branca (2001-2008) e um dos artífices da política de mudanças de regime no Afeganistão e no Iraque. É uma das deputadas mais influentes da Casa.
John Katko (Nova York) - Foi o primeiro membro do partido a informar que votaria a favor do impeachment, nos dias seguintes à invasão do Capitólio. Foi promotor federal.
Fred Upton (Michigan) - Ocupando uma cadeira na Câmara desde 1987, tornou-se o único deputado da história dos EUA a votar pelo impeachment de dois presidentes - o democrata Bill Clinton, em 1998, e, agora, o colega de partido, Trump.
Jaime Herrera Beutler (Washington) - A deputada fez um duro discurso na Câmara, ao endossar o impeachment, pedindo aos colegas de legenda que abraçassem a "clareza moral que acompanha a aceitação da verdade".
- Me levanto hoje para enfrentar nosso inimigo. E, para esclarecer, nosso inimigo não é o presidente ou o presidente eleito. O medo é o nosso inimigo. Ele nos diz o que queremos ouvir, incita a raiva, a violência e o fogo, mas também nos persegue no silêncio e na inércia. Do que você tem medo? - questionou.
Dan Newhouse (Washington) - O parlamentar foi mais longe do que os colegas republicanos que decidiram romper com Trump. Fez uma espécie de mea culpa ao admitir a responsabilidade pessoal por não se manifestar contra a campanha de Trump para anular os resultados da eleição de 3 de novembro.
- Esse é um dia triste em nossa República, mas não tão triste ou desanimador quanto a violência que testemunhamos no Capitólio na última quarta-feira - afirmou. - Somos todos responsáveis.
Peter Meijer (Michigan) - É um novato na Câmara e foi empossado no dia da invasão do Capitólio, na quarta-feira (6). Seu primeiro voto foi a favor da certificação da vitória de Joe Biden (contra os interesses de Trump). Na quarta-feira seguinte (13), apoiou o impeachment.
Anthony Gonzalez (Ohio) - Ex-jogador de futebol americano da liga profissional, também representa a ala jovem do partido. Tem 36 anos. É filho de imigrante cubano. Está em seu primeiro mandato.
- O presidente dos EUA ajudou a organizar e incitar uma multidão que atacou o Congresso na tentativa de nos impedir de cumprir nossas funções solenes, conforme prescrito na Constituição - disse.
Tom Rice (Carolina do Sul) - É representante de um tradicional reduto republicano do Estado, o 7th Distrito. Desde a invasão do Capitólio, ele vinha dizendo que o presidente agira "de forma imprudente", mas que se opunha ao impeachment porque a medida dividiria ainda mais o país. Foi um dos que mudou de opinião na última hora.
- Apoiei esse presidente em todos os momentos por quatro anos. Fiz campanha para ele e votei nele duas vezes. Mas esse fracasso total é imperdoável - disse.
David Valadao (Califórnia) - Ao considerar a opção "a decisão mais difícil" de sua vida, o deputado explicou que se sentiu impelido a apoiar a medida após assistir aos vídeos da invasão do Congresso:
- Foi a coisa mais nojenta que já vi na minha vida.
Ele admitiu que será muito criticado por colegas por ter votado contra a maioria do partido, mas explicou que havia seguido sua consciência.