Mesmo que o novo processo de impeachment seja barrado no Senado (depois de provavelmente passar nesta quarta-feira pela Câmara), Donald Trump já está sendo punido por ter insuflado ativistas contra o Congresso naquilo que mais preza: o próprio bolso.
Trump, que ascendeu à Casa Branca em parte devido à popularidade de seus programas de TV, mas também muito por causa de sua imensa fortuna - ainda não bem explicada nem mensurada, porque, afinal, ele não divulga as declarações de imposto de renda -, começa a sentir a rejeição de empresas e bancos, que anunciaram nos últimos dias que irão parar de fazer negócios com a Organização Trump, conglomerado que compreende os negócios e investimentos de Trump, cuja sede é a Trump dourada Tower, na 5 Avenida, em Nova York.
Conforme reportagem do The New York Times, na terça-feira (12), o Deutsche Bank decidiu não fazer mais negócios no futuro com o presidente ou com suas empresas, que representam clientes importantes. No entanto, o banco não cortou todos os contatos com o magnata, que ainda deve mais de US$ 300 milhões à entidade.
A diretora da subsidiária americana do banco, Christiana Riley, já havia condenado severamente os incidentes na rede profissional LinkedIn na semana passada, denunciando "um dia sombrio para os Estados Unidos e a democracia".
"A violência não tem lugar em nossa sociedade e as cenas que ocorreram (na quarta-feira) são uma vergonha para toda a nação", disse Riley.
O Deutsche Bank tem uma história complicada com o presidente americano. A entidade alemã é um dos únicos grandes bancos ocidentais que continuou a emprestar dinheiro ao império Trump após a falência de vários de seus cassinos na década de 1990. Essa decisão a colocou no centro de várias investigações nos Estados Unidos. O banco recebeu diversos pedidos de fornecimento de documentos, no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de conluio entre a campanha do bilionário americano e a Rússia, por exemplo, e de empréstimos vinculados à imobiliária da família feitos por seu genro, Jared Kushner.
Outra entidade, a Signature Bank, também começou a encerrar as contas pessoais do presidente. O banco ajudou Trump a financiar seu campo de golfe na Flórida. Agora, pede sua renúncia.
Na quinta-feira (7), um dia após o ataque ao Congresso, o provedor de comércio eletrônico Shopify disse que fechou as lojas online afiliadas à organização. E, no domingo (10), a Associação Profissional de Golfe dos EUA (PGA) anunciou que excluiria o clube de golfe de Trump em New Jersey de um grande torneio.
A Organização Trump enfrenta problemas financeiros, com milhões em dúvidas com vencimento nos próximos anos.