No 31º relatório mundial divulgado nesta quarta-feira (13), a Human Rights Watch, uma das principais organizações internacionais, aponta que o presidente Jair Bolsonaro tentou sabotar medidas contra a disseminação da covid-19 e impulsionou políticas que comprometem os direitos humanos. Conforme o documento, o Supremo Tribunal Federal (STF) e outras instituições foram forçadas a intervir para proteger esses direitos.
- O presidente Bolsonaro expôs a vida e a saúde dos brasileiros a grandes riscos ao tentar sabotar medidas de proteção contra a propagação da covid-19 - afirmou Anna Livia Arida, diretora adjunta da Human Rights Watch no Brasil.
No texto de 761 páginas na versão em inglês, a organização lembra que Bolsonaro minimizou a gravidade da covid-19, chamando-a de "gripezinha" e disseminando informações equivocadas.
Entre as reações de instituições às ações do presidente, o documento cita como exemplo o episódio em que o STF decidiu contra as tentativas do governo de retirar dos Estados a competência de restringir a circulação de pessoas para conter a propagação da covid-19, além de evitar ataques à lei de acesso à informação e impedir que se deixasse de publicar dados completos sobre a pandemia. Sobre ações do Legislativo, a entidade cita que o Congresso aprovou um projeto de lei obrigando o governo a fornecer cuidados de saúde emergenciais para os povos indígenas.
- O prestígio do Brasil foi manchado. Bolsonaro tem buscado agenda contra os direitos humanos - afirmou Kenneth Roth, diretor-executivo da organização.
Sobre a covid-19, em coletiva nesta manhã para jornalistas brasileiros, o diretor mundial afirmou:
- Foi aterrador. Ele se negou a tomar medidas de proteção a ele mesmo e às pessoas em volta dele. Ele demitiu seu ministro da Saúde, que queria seguir orientação da OMS (Luiz Henrique Mandetta) e seu segundo ministro também se demitiu (Nelson Teich).
O documento também critica a falta de ação do governo para combater a destruição da Amazônia. Na coletiva, Roth afirmou que o Brasil será pressionado pela Europa e pelo governo que assume a Casa Branca no próximo dia 20 porque não terá mais o apoio de Donald Trump. O diretor acrescentou que haverá uma condenação política em nível global às ações do Planalto sobre o tema ambiental e pressão econômica por parte da União Europa (UE) .
- Bolsonaro representa muito o que o Trump representava. E que está sendo revisto. há um compromisso pessoal de Biden com as questões de aquecimento global. E ele vê Bolsonaro como um grande impedimento para um avanço mundial na questão.
Anna Livia acrescentou:
- As políticas do presidente Bolsonaro têm sido um desastre para a floresta amazônica e para as pessoas que a defende. Ele culpa indígenas, organizações não governamentais e moradores pela destruição ambiental, em vez de agir contra as redes criminosas que impulsionam a ilegalidade na Amazônia.