Nada é impossível desde que homens foram içados das entranhas da Terra em 2010, no meio do deserto do Atacama, no Chile. Enviado de ZH para cobrir o resgate dos 33 mineiros soterrados, acompanhei as quase 24 horas em que os mineiros eram retirados, uma um, em uma viagem de dois minutos na cápsula com o sugestivo nome de Fênix 2, a mitológica ave que renasce das cinzas.
Foi uma megaoperação internacional — a Fênix 2, por exemplo, foi construída pela Nasa –, que envolveu especialistas das mais formidáveis universidades e forças armadas de Chile, EUA e Europa. Durante 69 dias, o mundo prendeu a respiração. E deu certo. Não há a mesma mobilização para salvar os 13 de Tham Luang até o momento.
O caso da Tailândia se diferencia dos 33 de Copiapó por conta do fator água — no período das monções, pode parar de chover só daqui a três meses. O fato de as vítimas serem crianças, em um ambiente ao qual não estão acostumadas, é outro complicador. No episódio do Chile, a mina era o ambiente de trabalho daqueles homens — não havia risco de inundação, mas de desabamento.
A drenagem dos túneis sinuosos e quilométricos - trabalho que pode levar semanas ou mesmo meses — é a opção, neste momento, mais adequada. Treinar o grupo para mergulhar em condições muito perigosas — na escuridão, por passagens estreitas e em águas cheias de barro, é uma tarefa mais delicada. A boa notícia é que o grupo está bem de saúde e, segundo informações desta quarta-feira, a água tem baixado, ainda que muito lentamente.
Sozinha, a Tailândia, um país pobre e com tecnologia limitada, não conseguirá retirar os meninos e seu treinador do complexo de cavernas. Já ficou para trás a euforia inicial do primeiro momento, quando dois mergulhadores Seal britânicos conseguiram encontrar o grupo - com fome, mas acima de tudo vivos.
Agora, é hora de ter calma. Alimentá-los é prioridade. Mas é preciso mais, que Estados Unidas, Reino Unido e Noruega, países com expertise em resgates desse tipo (até pelos dramas que já viveu), envie seu especialistas. O Chile, com o maior resgate da história, em Copiapó, certamente pode ajudar. É hora da colaboração.