Na segunda edição do podcast "A Copa e o Mundo", discutimos política e futebol – dois temas que, volta e meia, acabam influenciando um ao outro.
Um exemplo foi a polêmica recente com o cancelamento do amistoso entre as seleções da Argentina e de Israel, que ocorreria em Jerusalém. Palestinos pediram a Messi que não participasse na partida, que chamavam de ação política de Israel. Na sequência, militantes palestinos se reuniram nas proximidades do local em que a seleção argentina treinava, em Barcelona, com um uniforme da equipe manchado de vermelho, como se fosse sangue. A partida acabou sendo cancelada pela Associação de Futebol Argentina (AFA). O ministro israelense das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, acusou a Argentina de ter cedido aos que "pregam o ódio contra Israel".
Neste podcast, eu e o professor Fabiano Mielniczuk, das Relações Internacionais da UFRGS e da ESPM, lembramos outros episódios que misturam política e futebol. E houve até uma guerra em 1979 por causa, em parte, do que ocorria dentro de campo.
A trilha do nosso podcast
A música é ufanista, acabou ficando muito colada ao regime militar, mas, mesmo depois do fim da ditadura, acabou sendo utilizada em outros Mundiais.
"Pra frente Brasil" foi composta por Miguel Gustavo para inspirar a Seleção Brasileira na Copa de 1970. Sua origem deve-se a um concurso organizado pelos patrocinadores das transmissões dos jogos. Relembre.
Um dos jogos que detonou a Guerra do Futebol, entre El Salvador e Honduras, pode ser visto abaixo:
Trechos do histórico jogo entre Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental, em plena Guerra Fria, pode ser conferido abaixo.
Assista ao episódio que provocou briga entre as torcidas da Albânia e Sérvia por causa do drone e da bandeira da Grande Sérvia.
O livro que eu indiquei no podcast chama-se ""A Guerra do Futebol", de Ryszard Kapucinski, editado pela Companhia das Letras. Veja o que diz a editora:
"É inevitável que um grande repórter se torne um escritor - um grande escritor, no caso do polonês Ryszard Kapuscinski. Entre 1958 e 1980, Kapuscinski foi correspondente da Agência Polonesa de Imprensa na África, América Latina e Oriente Médio, e são suas incríveis aventuras por esses continentes conflagrados que ele compartilha com seus leitores em A guerra do futebol. Voando de uma crise política a outra, esse literato com vocação jornalística (ou vice-versa) viveu e relatou bom número de guerras e revoluções, munido tão-somente de caderninho de anotações, coragem romântica e imensa curiosidade pela experiência humana em situações-limite.
Em textos que reúnem beleza dramática e urgência jornalística, Kapuscinski desenhou perfis de líderes políticos, revolucionários e malucos em geral, aprendendo a arte quase suicida de viver no olho do furacão. Ao mesmo tempo, conviveu longa e intensamente com pessoas comuns, em suas casas, barracos ou na rua, em todos os países pelos quais passou."
O Fabiano indicou a dissertação de mestrado de Eduarda Passarelli Hamann, disponível aqui.