O primeiro milagre já havia sido confirmado pelo Vaticano – por isso, ela é uma beata. Depois que uma panela de água fervendo caiu sobre um menino de quatro anos, em 1944, no distrito de Santa Lúcia do Piaí, em Caxias do Sul, a comunidade rezou pedindo ajuda e, 20 dias depois, não havia mais qualquer queimadura no corpo dele.
Mas, para virar santa, é preciso ter dois milagres, e é isso o que uma equipe de especialistas da Santa Sé começa a analisar agora. Trata-se da última etapa para canonizar a madre Bárbara Maix (1818-1873), que fundou a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e, durante 14 anos, morou em Porto Alegre dedicando a vida aos mais pobres.
– Nós já reconhecemos sua santidade, mas agora aguardamos esse momento tão especial, que é a validação das investigações do segundo milagre – disse à coluna a irmã Gentila Richetti, que desde o final de junho está no Vaticano como postuladora da canonização.
Ela viajou justamente para entregar os documentos, laudos médicos e depoimentos de testemunhas que, nas investigações abertas em 2019 pela Diocese de Caxias do Sul, apontam para a nova intervenção divina intermediada por Bárbara Maix.
O milagre teria salvado a vida de uma senhora de 62 anos, em 2018, também no distrito de Santa Lúcia do Piaí. Ela foi desenganada pela medicina após sofrer queimaduras de terceiro grau enquanto trabalhava produzindo sabão. Mas, de novo, as orações à beata teriam curado a mulher, que hoje vive sem qualquer sequela.
Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se a canonização se confirmar, Bárbara Maix será a primeira santa a ter vivido no Rio Grande do Sul. Ela nasceu na Áustria, no início do século 19, mas deixou o país durante a perseguição aos católicos na revolução de 1848.
Sua trajetória no Estado inclui a fundação do Instituto Providência – que até hoje funciona na Rua Demétrio Ribeiro, na Capital –, além da administração de asilos, orfanatos, pensionatos e escolas da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.
Aos 55 anos, Bárbara Maix morreu no Rio de Janeiro. Seus restos mortais estão na Capela São Rafael, na Rua Riachuelo, no centro de Porto Alegre.
Com Letícia Costa