O secretário Cezar Schirmer, que coordena os projetos para revitalizar o centro de Porto Alegre, pediu para sua assessoria selecionar fotos de várias cidades do mundo: a ideia era usar as imagens como inspirações em uma apresentação que, na semana seguinte, seria levada ao prefeito Sebastião Melo.
– Me mostraram uma foto linda de um chafariz que jorrava água do chão. Perguntei onde era aquilo, e me disseram que essa foto, na verdade, era de Porto Alegre – conta Schirmer.
A imagem mostrava os 19 jatos iluminados que um dia embelezaram o Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público. Existem, de fato, chafarizes no mesmo estilo (alguns, aliás, nem tão bonitos) em cidades como Nova York, Genebra, Londres e Singapura – o que torna ainda mais incompreensível Porto Alegre ter desativado o equipamento, em 2015, sem qualquer discussão com a comunidade. Ficou a impressão de que, se remete ao Primeiro Mundo, então não queremos.
É uma estupidez manter soterrada, escondida embaixo da terra, uma obra complexa que custou centenas de milhares de reais. Tudo bem, não houve aporte de dinheiro público – o chafariz foi bancado pela Coca-Cola –, mas e daí? Aquilo era nosso, não era? E são intervenções assim, que mexem na relação das pessoas com o espaço público, que tornam uma cidade atrativa, interessante, vibrante, agradável.
Depois de ver a tal foto, Schirmer foi se inteirar sobre a situação: ele garante agora que o chafariz voltará a funcionar até o final de 2021. Trata-se, segundo o secretário, de um pedido do próprio prefeito.
– São seis anos sem operar, portanto há muita sujeira e deterioração no equipamento. Mas é uma coisa que precisa e que vai ser resolvida – promete Schirmer.
Com um reservatório de 12 mil litros no subsolo, o chafariz inaugurado em 2012 foi alvo de reclamações de gente que se molhava no Largo Glênio Peres. As queixas aumentaram em 2015, quando o Brasil enfrentou uma crise de abastecimento – as pessoas, sem entender que a água era reaproveitada, se indignavam com um desperdício que nunca existiu.
Mas nunca o poder público fixou placas no local para conscientizar a população. Nunca projetou muretas para evitar a molhaçada dos pedestres. Preferiu jogar o chafariz no lixo – tomara que ele agora possa voltar em grande estilo.